Por Thomas Hotz

A educação financeira é uma habilidade fundamental para a vida adulta e o futuro bem-estar econômico dos jovens. No entanto, tanto no Brasil como nos Estados Unidos, temos desafios significativos a enfrentar em relação à forma como ensinamos e abordamos esse assunto com os estudantes. Uma comparação entre os dois países revela que estamos atrasados na disseminação dessa importante formação.

No Brasil, a educação financeira ainda é uma área em desenvolvimento e subestimada no currículo escolar. Segundo um estudo realizado por Cunha [2], a educação financeira no país ainda não atinge uma parcela significativa dos jovens, e a maioria das instituições de ensino não incorpora o tema de forma adequada em suas grades curriculares. A falta de priorização da educação financeira é evidenciada pelo baixo investimento em materiais didáticos e treinamento adequado para os educadores. O resultado disso é que muitos jovens brasileiros entram na vida adulta despreparados para lidar com questões financeiras básicas.

Por outro lado, os Estados Unidos também enfrentam desafios em relação à educação financeira dos jovens. Uma pesquisa global [1] revelou que os Estados Unidos ocupam a 14ª posição no ranking de conhecimentos financeiros, ficando atrás de países como Canadá, países escandinavos e República Checa. Essa situação é preocupante, considerando que os EUA são uma das principais potências econômicas do mundo. Além disso, estudos realizados pela PricewaterhouseCoopers [1] apontam que a grande maioria dos professores do ensino básico não inclui a educação financeira em seus currículos, e apenas 12% deles ensinam finanças pessoais para seus alunos.

Comparativamente, a situação dos jovens norte-americanos é mais promissora do que a dos brasileiros em relação à educação financeira. Na Inglaterra, por exemplo, a educação financeira faz parte do currículo desde 2014, e na Holanda, parcerias com empresas do setor financeiro foram estabelecidas para promover uma melhor compreensão das questões econômicas. Essas iniciativas contribuem para uma maior conscientização financeira desde a infância e adolescência.

No entanto, ainda há muito a ser feito em ambos os países. A falta de conhecimentos financeiros impacta negativamente a tomada de decisões dos jovens em relação ao endividamento, investimentos e planejamento financeiro. No caso dos Estados Unidos, o elevado endividamento estudantil é um reflexo da falta de preparo dos jovens para lidar com questões financeiras complexas.

Em conclusão, é imprescindível reconhecer a importância da educação financeira entre os jovens, tanto no Brasil como nos Estados Unidos. Ambos os países apresentam desafios e lacunas nesse aspecto, porém, é crucial buscar soluções que priorizem o ensino de competências financeiras desde cedo. A educação financeira adequada pode fornecer aos jovens ferramentas essenciais para uma vida adulta mais sustentável e financeiramente saudável.

Referências: [1] https://akatu.org.br/como-e-a-educacao-financeira-das-criancas-nos-estados-unidos/[2] CUNHA, M. P. O mercado financeiro chega à sala de aula: educação financeira como política pública no Brasil. Educação & Sociedade, v. 41, p. 1-14, 2020. https://doi.org/10.1590/es.218463

*Thomas Hotz é formado em Administração e especialista em Gestão Empresarial, atua há 20 anos no mercado financeiro e, atualmente, é sócio e gestor da Maffer Investimentos, escritório especializado em assessoria de investimentos credenciado da XP Inc.