Algo deu errado ontem?

Uma avalanche de recados de amor, declarações, bilhetes, frases prontas, outras tantas criativas e inspiradas, invadiu as redes sociais nesta segunda-feira, 12, Dia dos Namorados. Como ama o brasileiro! E movido pela onda, ama e se declara sem pudor algum. O que eu considero magnífico e vibrante. Afinal de contas, após a escuridão, nunca fomos tão carentes de amor. Não me importa quem ama. O que me interessa é que amem. Amém!
A energia produzida em corrente tem efeitos surpreendentes! É física, acreditem! Com certeza o dia ficou mais leve, as horas passaram descompromissadas e acabamos revisitando tantas histórias de amor e personagens amigos que há muito não víamos. Eu mesmo me surpreendi com a legião de amigos que se manifestaram na postagem que fiz. Obrigado, por tanto!
Mas não me surpreendi também com infelizes comentários acerca do amor dos outros. Questionamentos invejosos sobre relações. Burburinhos desnecessários que denotam uma certa poeira no espelho do coração. Eu entendo que a expectativa de alguns pela data possa gerar desconforto. Que há gente que não consegue entender que amar-se é o primeiro passo para ser amado. Também percebo gente que está mais interessado no que vê da janela pra fora do que vive da porta pra dentro. Apesar de fora de moda, eu entendo. Mas não aceitar o amor é inimaginável.
Porque para mim não há razão em viver se não for para amar. Amar deveria ser nosso verbo primeiro. Não importa o quê, quem, quando e a quem. Amar. Saber que o outro ama me alivia inteiro. E nem preciso repetir a frase clichê: “Quem ama é feliz e gente feliz não enche o saco de ninguém.” Mas eu repito. Sempre. Como um mantra.
Hoje cedo, um amigo jornalista, mestre maior, Giovanni Faria, publicou em suas redes sociais esta foto que ilustra o texto. Tirada em Icaraí, Niterói, na manhã desta terça-feira, 13, dia dedicado a Santo Antônio, o casamenteiro. Na legenda: “Algo deu errado ontem…”
O cronista despertou de imediato, construindo possíveis cenas e histórias que justificassem a flor jogada ao lixo, ainda na embalagem. Há poesia! Respondi. Quem teria desprezado o gesto? Quanto pesa um pedido de desculpas em forma de flor? Que amor é esse que não se consuma? Quanta mágoa revirada no lixo… Tantos nãos. Ditos. Não ditos. Amor desprezado. Amargo. Ferido.
Sei quase nada do amor, tão grande o sentimento! Guardo histórias prontas, copiadas, inventadas do que vi, vivi e vejo. Receitas óbvias, respostas esperadas, cenas já assistidas e reconstruídas. Mas há tanto no amor que desconheço, que se algo deu errado ontem, não sei. Prefiro ser positivista e dizer na voz do personagem: “Que flor que nada! Eu quero é o seu amor!”
Por isso, amem! Mesmo que alguma coisa tenha dado errado ontem…