A revista traça um perfil de Chrissa Amuah, a designer têxtil que utiliza em suas produções a simbologia adinkra, conjunto de ideogramas típico de Gana./Reprodução

“Design é criação”. A frase de Sergio Rodrigues – pinçada do catálogo da exposição Ser Estar, realizada em 2018 pelo Itaú Cultural em sua homenagem –  ressoou à cabeça da equipe de Casa Vogue, mais precisamente de Guilherme Amorozo, diretor de conteúdo da revista. Reflexão que veio enquanto perambulava pelas dezenas de eventos, mostras e lançamentos da DW! Semana de Design de São Paulo, realizada no mês de março em paralelo à feira Expo Revestir, ambas retratadas na edição de abril da revista.

E como não poderia deixar de ser, a publicação –  que chega às bancas com o tema Cultura do Design – diz a que veio logo nas primeiras páginas, na seção Casa Vogue Ama, com um retrato dos mais de 220 eventos que durante nove dias eferveceram a capital paulista. Além da mudança na data da semana de design paulistana, as instalações apresentadas durante o festival urbano de 2023 tiveram forte conexão entre a arquitetura, a arte e o design. Para além das mostras, outra novidade foi a reunião de lançamentos assinados por expoentes do design nacional e por novos talentos – com grande foco no centro da cidade.

E por falar em expoente, Luciana Martins chega como personagem do Em casa com. Apaixonada por arte e pelo desenho de  móveis e objetos, a designer ergueu em sua própria morada, em São Paulo, um ateliê de pintura, onde colore telas e desenvolve as paletas cromáticas da Ovo, marca de design fundada por ela e pelo sócio, Gerson de Oliveira.

Nas páginas seguintes, em Repertório em Expansão, Casa Vogue mostra as galerias de design moderno e contemporâneo que, de meros espaços comerciais, têm se transformado em verdadeiros centros culturais, unindo visita a conhecimento. Círculo virtuoso que gera descobertas históricas e atrai novos públicos, o movimento presente em exposições recorrentes tem emprestado ao design um papel próximo ao da arte.

Outra matéria de destaque na edição é Guardiã de Tradições, em que a revista traça um perfil de Chrissa Amuah. A designer têxtil utiliza em suas produções a simbologia adinkra, conjunto de ideogramas típico de Gana. Além de enaltecer as origens africanas, Chrissa também é responsável por projetos de divulgação do trabalho de profissionais do continente.

Já a arquiteta Patricia Anastassiadis, uma entusiasta de experimentações com novos materiais, recorre à mística da alquimia para conceituar sua sexta coleção autoral para a Artefacto – marcada por experiências com materiais e pelo design atemporal das peças.

Na seção Universo, as residências idealizadas por designers e arquitetos revelam como desenhar os interiores de um lar assemelha-se a montar um acervo de museu. É necessário conjugar nomes, épocas e origens de maneira harmônica, e deixar que cada peça da coleção execute sua função. É o caso de Nildo José, que cuidou da remodelação de uma casa nos arredores de Paris. Com maestria, o arquiteto baiano conseguiu unir a estética clássica à bossa e à graça do estilo contemporâneo brasileiro.

Já os arquitetos Leandro Garcia e Amanda Dalla-Bona apresentam a reforma que empregaram em um apartamento em Curitiba, construído nos anos de 1970, para transformá-lo no lar do casal. Entre as mudanças, uma paleta cromática clara agora estabelece o ritmo de tranquilidade dos ambientes repletos de itens com design nacional de diferentes épocas e estilos.

Em outro canto do país, em Salvador, com vista para a Baía de Todos-os-Santos, o designer Daniel Jorge reverencia o jeito de morar da região ao preencher os interiores do seu sobrado com móveis de design autoral brasileiro, arte popular e criações próprias. Enquanto o arquiteto baiano David Bastos escolheu um prédio de 1946 para abrigar seu novo pied-à-terre no Rio de Janeiro. Com 250m2, o imóvel tem estética art déco, estilo com o qual o profissional nunca havia trabalhado.

Por fim, em Last Look, o chinês Ai Weiwei. Não surpreende que tenha chegado a uma das mais importantes casas do design do planeta, o Design Museum de Londres, onde inaugura no mês de abril a Ai Weiwei: Making Sense – sua primeira mostra individual com foco em design e arquitetura. A exposição apresenta produções inéditas, além de criações já vistas e trabalhos em grande escala instalados nos interiores e na área externa da instituição.