Fotos: Thalles Kadett

Nesta segunda-feira, 29 de maio, de manhã fria e chuvosa, descemos a serra levando 100 anos de histórias, em retalhos fragmentos da produção têxtil da nossa Rendas Arp, catalogados em 33 livros encadernados cuidadosamente, para doação ao Instituto Zuzu Angel e à Academia Brasileira de Moda. O acolhimento da recepção aqueceu os nossos corações. Obrigado, Simone Costa e Márcia Pereira ambas do Centro de Documentação do Instituto Zuzu Angel!

No palacete, na Tijuca – Rio,  que hoje abriga a coleção de Carmem Mayrink Veiga, entre  originais de Yves Saint Laurent,  Dior, Valentino, Dener Pamplona, Clodovil Hernandez, Guilherme Guimarães, Zé Ronaldo, Madame Rosita, o nosso querido Jerson Karl Paiva, entre outros mestres da moda e até um vestido da princesa Diana – adquirido por um pool de empresários brasileiros em leilão beneficente-,  está agora, devidamente protegida, parte da memória de Nova Friburgo, em sessão intitulada Rendas Arp, com o documento de doação e o depoimento de Ana Arp Bueno  e Pedro Arp Bueno.

Recebidos por sua criadora, Hildegard Angel, ícone do jornalismo social brasileiro, filha de Zuzu Angel e mantenedora do espaço, visitamos as reservas técnicas, conhecemos  parte das  coleções de Zuzu, retalhos, moldes, tecidos, etiquetas, desenhos,  documentos, embalagens, recortes de jornal, cartas,  fotos, negativos, todo o universo do ateliê e da carreira da mais famosa e importante estilista brasileira de todos os tempos.

Salas, devidamente climatizadas, protegem tesouros da “ haute couture”,  documentos, livros, revistas, fotografias, em sessões que abrigam a história do Brasil dos últimos cem anos . É emocionante! A moda como linguagem histórica!

Falamos da Nova Friburgo que se descobre no empreendimento ousado e arrojado, o Espaço Arp, da nossa produção de lingerie, moda fitness e praia, dos nossos produtos diferenciados e da paisagem exuberante, que enche os nossos olhos de rara beleza e o coração de orgulho, cartão postal da nossa cidade.

Agradeço a oportunidade de ter sido o articulador desta doação que preservará parte importante da nossa história, escrita por mãos de tecelões, desenhistas, costureiras, operários, executivos e administradores. É uma alegria poder mostrar  Nova Friburgo às novas gerações de estudantes e profissionais da moda.

Há muito para ser preservado ainda. Uma pena que a cidade não disponha de um museu, de técnicos preparados, de um centro de memória que possa manter vivas as histórias dos nossos criadores. Das costureiras formadas por Mme. Abicalil, no início do século XX, estilistas como Francis e Eduardo Rodrigues, às novas gerações que acontecem em tempos de tecnologia e inovação, não faltam histórias e registros que justifiquem tanto talento para a moda.

Que os novos líderes das instituições friburguenses ouçam mais que o barulho das máquinas e enxerguem além das montanhas!  Nova Friburgo vive! Viva Nova Friburgo!