Em sua segunda edição, o FIMA – Festival Interativo de Música e Arquitetura convida o público a viver mais uma experiência imersiva que une música e arquitetura agora em alguns dos mais importantes Palácios do Brasil. Além do Rio de Janeiro, o FIMA estará presente também nos estados do Maranhão, Pará e Minas Gerais com historiadores da arte e arquitetos abrindo caminhos para que músicos brasileiros consagrados possam apresentar obras musicais que dialoguem com a arquitetura, a arte decorativa e a história destes icônicos edifícios, que representam alguns dos mais importantes patrimônios materiais do nosso país.  Com patrocínio do Instituto Cultural Vale por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, todas as apresentações do FIMA têm entrada gratuita.

 O Palacete do Petit Trianon, na Academia Brasileira de Letras, e os Palácios do Catete e Imperial de Petrópolis estão entre os locais que receberão os concertos no estado do Rio de Janeiro.  Idealizador e diretor artístico do evento, o músico e produtor cultural Pablo Castellar revela que nesta segunda edição serão celebrados, em sua maioria, palácios dos períodos colonial e imperial. “Ofereceremos ao público, através de um diálogo cativante e multissensorial entre a música e a arquitetura do FIMA, a oportunidade de apreciar, valorizar e construir um sentimento de pertencimento em relação a estes valiosos patrimônios culturais de nossa sociedade que ao longo dos séculos também abrigaram personagens icônicos de nossa história”. 

Concerto de abertura

O concerto de abertura desta nova temporada do FIMA será no dia 22 de dezembro, quinta-feira, celebrando os 100 anos da formidável réplica do Petit Trianon de Versailles – que após sediar o pavilhão francês na Exposição Internacional do Centenário da Independência em 1922, foi doado pelo governo da França, no ano seguinte, à Academia Brasileira de Letras. No salão onde tomam posse os imortais da ABL, vão se apresentar o sopranista Bruno de Sá, que vem encantando o mundo lírico com sua raríssima voz, e o virtuoso piano da maestra Priscila Bomfim.  O duo será acompanhado dos comentários do arquiteto e professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Gustavo Rocha-Peixoto.

O sopranista Bruno de Sá./Foto: Laure Bernard.

Considerado “uma voz poderosa com tons de mel (…) uma real descoberta” pela revista brasileira Concerto – na qual, inclusive, estampa a capa da edição deste mês de dezembro – e arrancado elogios do jornal francês Le Monde (“o sopranista brasileiro deixou estupefato o mundo lírico…”), o jovem Bruno de Sá destacou-se ao receber o OPER! Prêmio 2020 na categoria “Melhor Revelação do Ano”. Como artista exclusivo da Erato/Warner Classics, seu primeiro álbum solo “Roma Travestita” foi lançado em setembro de 2022, recebendo elogios da imprensa e do público em todo o mundo. Primeira mulher e diretora musical a reger óperas da temporada oficial do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a pianista e maestra Priscila Bomfim já regeu importantes orquestras brasileiras e, em 2022, estreou óperas inéditas dos compositores Mario Ferraro, Armando Lôbo, Arrigo Barnabé e Tim Rescala.

O programa fará uma viagem pela história e pela arquitetura do palacete, desde a sua concepção na França – construído no século XVIII pelo Rei Luis XV para a sua amante, a Madame de Pompadour, passando pelo reinado de Luiz XVI, que o ofereceu à esposa Maria Antonieta – até chegar a esplanada do Castelo, no Rio de Janeiro, para as celebrações do centenário da Independência e, em seguida, tornar-se a primeira sede própria da Academia Brasileira de Letras. Assim, serão interpretadas obras de compositores dos séculos XVII ao XXI, passando por nomes como Scarlatti, Broschi, Piccinni, Mozart, até chegar aos brasileiros Villa-Lobos, Ovalle, Santoro e Miranda.

Os acadêmicos também estarão representados com música: “Azulão”, do compositor Jayme Ovale com poesia de Manuel Bandeira, assim como as escritoras brasileiras, como “Retrato”, de Ronaldo Miranda com letra de Cecília Meireles. A escritora tinha todos os méritos, livros e condições para entrar na ABL (mas não entrou, porque naquela época mulheres ainda não eram admitidas, o que só veio a acontecer no dia 4 de novembro de 1977, com a posse de Rachel de Queiroz). A escritora foi distinguida pela ABL em 1938 com o Prêmio Olavo Bilac e com o Prêmio Machado de Assis, postumamente, em 1965.

II FIMA – Programação 2023

Nas semanas dos aniversários dos municípios do Rio de Janeiro e de Petrópolis, o FIMA irá celebrar dois importantes palácios destas cidades. No dia 4 de março, o festival estará no Palácio do Catete apresentando a soprano Daniela Carvalho com os comentários do pesquisador e historiador deste museu Marcus Macri. Já no dia 18 de março, celebrando os 180 anos de Petrópolis, o FIMA estará no Palacio Imperial. O coral dos Canarinhos de Petrópolis, que comemora os 80 anos de fundação de seu conjunto, irá apresentar, acompanhado ao piano pelo seu maestro Marco Aurelio Licht, um programa de música coral da época do Império trazendo obras de Marcos Portugal, Mozart, Verdi, Offenbach e Carlos Gomes, com comentário de Maurício Vicente Ferreia Júnior, diretor do museu. O FIMA também realizará um concerto de encerramento em local ainda a confirmar.

Diferentemente da edição anterior – realizada apenas no estado do Rio de Janeiro – o II FIMA, desta vez, contemplará importantes Palácios de outras cidades brasileiras. Em de janeiro, o festival embarca para a capital do Pará, onde visitará o Palácio Lauro Sodré, com apresentação da mezzo-soprano Carolina Faria e da pianista Ana Maria Adade, natural de Belém.  Já os comentários estarão a cargo do historiador e professor da UFPA, Aldrin Figueiredo. Já em abril, o FIMA chega ao Palacio dos Leões, em São Luiz (MA), com participação do violinista Paulo Martelli e trazendo obras de Bach, Fernando Sor e Villa-Lobos. Em maio, finalmente será a vez de Ouro Petro (MG) receber o Festival em programação a ser anunciada em breve.

O virtuoso piano da maestra Priscila Bomfim.

 A experiência do segundo FIMA também poderá ser vivida virtualmente. Além de toda programação presencial, haverá exibição online dos concertos (filmados em formato tradicional e em 360º), lançamento de websérie com notas de programa sobre os concertos e entrevistas com os convidados, e um podcast com os músicos e palestrantes.

As realizações do festival contemplam, também, aulas magnas de música gratuitas, presenciais ou remotas, com artistas convidados para o evento e o “FIMA na Escola’’. Esta última é uma ação educacional para alunos da rede pública do município do Rio de Janeiro, com o objetivo de sensibilizar crianças, estimulando novos caminhos de valorização de suas identidades culturais. Tudo isso para que melhor compreendam a importância do patrimônio histórico de sua comunidade.