Novembro Azul convoca homens para cuidarem da saúde: A prevenção vai muito além do câncer de próstata
Cuidar da saúde passa por buscar uma vida com equilíbrio, bem-estar e com longevidade. Neste próximo mês, quando é realizada a campanha Novembro Azul, o alerta vai para todos os homens, pois a saúde da população masculina tem particularidades que merecem atenção e mobilização. Para além do câncer de próstata, que também é uma doença de grande ocorrência, outras doenças graves como as cardiovasculares (Em especial infarto e AVC) , o alcoolismo e também problemas de saúde mental devem ser trabalhados com enfoque em prevenção e cuidado.
O professor André Luiz Baião Campos, especialista em Medicina de Família e Comunidade, mestre em Saúde Coletiva pela UNICAMP, leciona no Programa de Integração do Ensino à Saúde da Família e no ambulatório de clínica médica do Curso de Medicina da Universidade Tiradentes e indica alguns caminhos que você podem ser pensados pelos homens para buscar bem-estar hoje e a qualidade de vida também com o passar dos anos.
O movimento mundial “Novembro Azul” tem como objetivo alertar os homens sobre a importância dos cuidados com a saúde. As principais causas de adoecimento e morte no gênero masculino decorrem de causas externas (acidentes com automóveis, violência) nas idades mais jovens e doenças doenças crônicas cardiovasculares (Infartos por exemplo) e o surgimento dos cânceres, ao longo da vida.
Tanto as causas externas, quanto as doenças crônicas, que tendem a adoecer e causar mortalidade dos homens ao longo da vida são fortemente influenciadas por fatores comportamentais, o chamado estilo de vida. Além disso, a desigualdade social, más condições de trabalho e a cultura de machismo contribuem para influenciar o modo de alimentação, abuso de álcool, consumo do tabaco, padrões de comportamento violento e resistência frente a medidas de proteção e autocuidado. Essa rotina adoecedora é construída socialmente seja no trabalho, no trânsito ou na vida doméstica.
A exposição a esses fatores de risco , além das questões genéticas, fazem com que a mortalidade seja maior entre os homens. A ocorrência de hipertensão, diabetes, por exemplo, torna-se maior e leva ao resultado que vemos nas estatísticas: Infartos ,AVCs, insuficiência renal e amputações são mais comuns entre homens do que entre mulheres. Manter uma dieta equilibrada, fazer exercícios regularmente, controlar o colesterol e a pressão arterial, além de evitar o cigarro e o consumo excessivo de álcool são formas de prevenção.
Quebrando preconceitos
Outra grande temática ao se falar da saúde em geral , mas do homem em particular é a questão dos transtornos mentais , como ansiedade, depressão . Homens, muitas vezes, evitam buscar ajuda para cuidar saúde mental por medo de serem vistos como “fracos”. A depressão, a ansiedade e o estresse crônico afetam milhões de homens, mas muitos não procuram tratamento com psicólogos e psiquiatras, novamente influenciados pela cultura de machismo, tabus, além de dificuldades nas relações trabalhistas e o acesso aos serviços de saúde adequados.
“Pelo machismo, a prevenção de doenças masculinas é muitas vezes dificultada. Há preconceitos e estigmas que cercam a saúde do homem. Uma imagem de invencibilidade, força, coragem de se expor a riscos é reforçada desde a criação de meninos em contraposição a valorização do autocuidado que é mais ensinado às meninas”.
Medo do exame de toque retal: Um dos maiores desafios da conscientização sobre a saúde do homem foi a valorização excessiva a temática do câncer de próstata e a ênfase em toque retal como estratégia de rastreamento. Hoje em dia já se provou que o rastreamento em massa por toque retal não é suficiente para impactar em mortalidade e as próprias Sociedades Médicas já revisaram essa questão.
Apesar do câncer de próstata ser o segundo em mortalidade entre os cânceres masculinos (o câncer de pulmão segue sendo o maior desafio) o rastreio dessa condição deve ser individualizado, em especial com investigação de história familiar e presença de sintomas urinários. NÃO deve ser generalizado nem enfatizado nas campanhas atuais como um chamado para os homens “fazerem o toque retal, fazerem o exame PSA” como vemos ainda em muitas instituições, outdoors e mídia. Ao invés disso, o alerta e o chamado aos homens deve ser para vencer a resistência à mudança do estilo de vida, para a prevenção e o rastreio de doenças cardiovasculares, à cultura da paz e superação do machismo que leva a exposição, tanto a doenças transmissíveis como às crônicas. Também se deve aproveitar o Novembro Azul para uma reflexão sobre saúde no trabalho e saúde mental.
Mas onde encontrar serviços de prevenção e atendimento?
Durante o Novembro Azul vários locais são estratégicos para se conscientizar os homens sobre a importância do cuidado com a saúde: As Unidades Básicas de Saúde ( onde está a Estratégia Saúde da Família) , as escolas, ONGs e as universidades. A Universidade Tiradentes (Unit) em Sergipe — seja no seu Complexo de Especialidades em Saúde, seja na sua inserção na rede do SUS se engaja na campanha, com professores e alunos desenvolvendo ações voltadas para este público.
Além das consultas e ações coletivas, o Sistema Único de Saúde do Brasil, o SUS, aproveita a ocasião para divulgar a ofereta de vacinação, avaliações, testes rápidos, exames, etc. Ações 100% gratuitas e de acesso universal. É comum também que algumas empresas de grande porte ofereçam programas de conscientização para seus trabalhadores, incentivando a realização de exames preventivos e palestras sobre autocuidado, e grupos de apoio à saúde masculina. Além desses, muitas farmácias, clínicas privadas e redes de laboratórios realizam parcerias para oferecer exames a preços acessíveis ou até gratuitos durante a campanha Novembro Azul.
Essas iniciativas promovem o diagnóstico precoce, a prevenção e o cuidado integral com a saúde masculina, incentivando os homens a superarem tabus e a adotarem uma postura preventiva.