Museu da República./Reprodução

Desde que a lei de criação da data foi assinada em janeiro pelo presidente Lula e pelas ministras da Cultura, Margareth Menezes, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, o dia 21 de março será comemorado pela primeira vez pelas religiões de matriz africana.

Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, as comemorações têm início nesta segunda-feira, abrindo as portas do Museu da República, Palácio Nova Friburgo, no Catete – Rio de Janeiro, onde será assinado o acordo de cooperação técnica entre o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, a Defensoria Pública da União e o Museu da República.

O prédio histórico foi construído entre 1858 e 1867 pelo comerciante e fazendeiro de café Antônio Clemente Pinto, Barão de Nova Friburgo, e consagrou-se como um monumento de grande importância histórica, arquitetônica e artística. Erguido no Rio de Janeiro, então Capital Imperial, tornou-se símbolo do poder econômico da elite cafeicultora escravocrata do Brasil oitocentista.

O acordo tem o objetivo de realizar ações conjuntas de pesquisa e prática jurídica relacionadas aos processos e inquéritos criminais relativos à repressão contra praticantes das religiosidades afro-brasileiras, que configuram práticas de Estado repressivas e racistas.

Em 2021, o Museu do Catete passou a resguardar peças sagradas das religiões de matriz africana que foram confiscadas pela polícia em uma época de perseguição religiosa.

Esta ação só foi possível, graças a luta de vários sacerdotes e sacerdotisas das religiões afro, bem como, instituições lideradas por Mãe Meninazinha de Oxum na campanha ‘Liberte Nosso Sagrado’.

Iyá Egbé Nilce Naira, uma das lideranças, comemora a data e fala do lançamento do catálogo ‘Moda de Terreiro do Ilê Omolu e Oxum’ que acontecerá durante o evento.

“É um momento único poder comemorar um dia dedicado à nossa religiosidade. Já Moda de Terreiro é o resultado de um trabalho que realizamos no Ateliê Obinrin Odara dentro do Ilê Omolú e Oxum há muitos anos, mas que durante a pandemia tivemos oportunidade de iniciar os ensaios fotográficos e que, somente agora, com o apoio do Fundo Elas, tivemos a oportunidade de finalizar essa produção e imprimir este catálogo. O nosso maior objetivo é divulgar, preservar e valorizar o nosso aprendizado ancestral.”

Já Roberto Braga Tata Luazemi do Abassá Lumyjacarê Junçara também comemora a data e fala da visita ao Acervo e ao Jardim Nosso Sagrado.

“É um marco. Depois de tanta luta, tanta discriminação, tanta intolerância e preconceito, nós temos um dia para chamar de nosso. Eu aproveito para convocar todo o povo de santo para ir ao Palácio do Catete e juntos comemorarmos esse momento de suma importância. Vamos visitar as nossas peças sagradas e desfrutar também do Jardim das nossas Divindades”.

Fonte: Pai Paulo de Oxalá / Jornal Extra