05/10 – Dia do Empreendedor – Empreender sem idade: dos 34 aos 79 anos, fundadores mostram que não há padrão para se destacar no mercado

Com destaque para as faixas etárias de 35 a 44 anos e 55 a 64, segundo o Monitor Global de Empreendedorismo 2024, os mais de 47 milhões de empresários brasileiros mostram que não há idade certa para começar a empreender. De acordo com o Sebrae, no último ano, foram inaugurados 4.158.122 negócios no país, enquanto 854.150 encerraram suas atividades. O saldo positivo, no entanto, pede atenção aos desafios, já que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registra fechamento de 50% de Microempreendedores Individuais (MEIs) e Microempresas (MEs) nos 5 primeiros anos de funcionamento. Com esse cenário, empreender pode se tornar uma jornada de experiências com conquistas e superações para manter o negócio de pé. Para compartilhar dicas e aprendizados para quem quer empreender, independente da idade, conheça abaixo seis empresários de diferentes idades que revelam segredos da carreira até conquistarem o sucesso:
Coragem e atitude

“Eu não queria ficar preso a uma escala de trabalho por anos. Empreender foi minha chance de ser criativo”, afirma Diego Dutra, 38 anos, fundador do JAH Açaí, Sorvetes e Picolés.
Natural de Conselheiro Lafaiete (MG), em 2009 era funcionário de uma mineradora e decidiu, aos 22 anos, empreender para tomar a frente da própria história profissional. Foi no açaí que o jovem identificou uma oportunidade de levar algo diferente, à época, para o interior de Minas Gerais. Em pouco tempo, chegou ao patamar de três lojas próprias com a marca, momento no qual rompeu com a empresa onde ainda trabalhava para dedicar-se integralmente ao JAH. Hoje, é Head de Expansão de uma das maiores marcas de açaí do mundo, com 180 unidades entre Brasil e exterior. Para ele, o maior aprendizado a deixar é ter coragem de inovar. “Se eu não tivesse começado naquele momento, com aquela força de vontade, não teria transformado a minha vida, nem de tantos outros através do JAH”, finaliza o empresário. Para 2025, a rede estima faturar R$ 180 milhões.
Explorar insights

“O negócio começou com um teste na minha própria festa de aniversário, para o qual eu comprei 30 pratos, 30 copos e 30 talheres”, lembra Arnaldo Di Blasi, 43 anos, fundador e CEO da Di Blasi Pizzas
Em 2012, aos 30 anos, Arnaldo Di Blasi estava em chá de bebê quando observou que as pessoas não comiam as bordas das pizzas servidas. Esse foi o insight que o fez criar um buffet de pizzas de massas finas e leves para eventos. O negócio, que inicialmente funcionava apenas nos finais de semana como fonte de renda extra, foi um sucesso. “A gente chegou a fazer mais de 30 eventos por mês e viramos referência no modelo. Em 2017, participamos do Rock in Rio e fomos a loja que mais vendeu na área gourmet do evento”, conta. Nessa época, Arnaldo deixou a carreira na área de TI em um banco de investimentos para dedicar-se somente à Di Blasi Pizzas, rede de pizzarias referência no mercado de delivery. ”Montei a primeira loja para focar em entregas e percebi que precisaria reformular o produto, foi assim que surgiu o nosso principal diferencial: a pizza voltada para o delivery, e entendi que seria necessário sempre explorar as ideias para chegar a um resultado favorável”, detalha o executivo. Em 2021, a marca inaugurou a primeira franquia. Hoje, a Di Blasi Pizza possui 37 lojas em operação e prevê, até o final de 2025, totalizar 50 unidades em funcionamento e faturar R$ 70 milhões.
Foco em inovação

“Queria levar experiências gastronômicas para dentro da casa das pessoas”, afirma Amauri Sales de Melo, de 35 anos, sócio-fundador do Grupo HSH
Quando se trata de empreender com sucesso, é fundamental ter foco constante em inovação. Essa foi a ideia de Amauri Sales de Melo, que ao retornar de uma jornada de estudos na Europa, aos 26 anos, deixou a carreira acadêmica e inovou ao abrir uma das primeiras franquias dark kitchens de João Pessoa (PB). Com essa mente focada em inovar, surge em 2016 a Home Sushi Home, delivery de comida asiática, que integra o Grupo HSH, rede especializada em culinária asiática e havaiana. O empresário entendeu que esse modelo de negócio era uma nova janela no mercado e estudou o setor para empreender. “Existia delivery de sushi na cidade, mas não com qualidade, embalagem bacana. Até que criamos nossa marca, alinhado a uma experiência gastronômica que leve sabor e tecnologia para o consumidor”, detalha. Com o tempo, a rede ampliou o portfólio com mais duas marcas e conquistou mais de 10 estados e a previsão de faturar R$ 61 milhões até o fim do ano.
Preencher lacunas no mercado

“Resolvi empreender com um cardápio saudável que eu buscava comer e não encontrava”, afirma Camila Miglhorini, de 42 anos, fundadora e CEO da Mr. Fit
Empreender é um desafio, principalmente em um nicho no qual não existem muitas opções. Esse foi o caso da Camila Miglhorini, de 42 anos, a fundadora e CEO da Mr. Fit, rede pioneira de fast-food saudável no Brasil. Em 2011, aos 28 anos, a empreendedora deixou o mundo corporativo com o propósito de levar a alimentação saudável para outro patamar. Com dificuldades de encontrar pratos fitness, ela mesma decidiu solucionar essa lacuna no mercado. Para isso, vendeu o carro e juntou economias para iniciar a rede. “Mesmo com pouco recurso financeiro, sabia que a ideia de trazer uma alimentação prática e que agradasse os paladares daria certo. Pela demanda desses pratos do dia a dia de um jeito fácil, saboroso e saudável”. Desta forma, a rede conta com 900 unidades, no Brasil e no mundo, com um modelo de negócio enxuto, que oferece diversas opções, inclusive com refeições ultracongeladas. Para 2025, a rede prevê alcançar o faturamento de R$ 240 milhões.
Aprendizado constante

“Não podemos nos acomodar, sempre há algo novo a construir”, diz Antônio Augusto Ribeiro de Souza, 61, CEO da Antaris Foods Brands Franchising.
Aos 61 anos, Antônio Augusto Ribeiro de Souza prova que empreender é se atualizar. Engenheiro de Produção, logo após formar-se na faculdade trabalhou com comércio de grãos e abriu a própria empresa na área. Conheceu o franchising de alimentação ao entrar na maior rede de fast food do mundo e tornar-se multifranqueado, com 20 lojas, nos anos 1990. Após desligar-se da franquia, foi aos EUA buscar nova marca para trazer ao país e tornou-se master franqueado do Johnny Rockets, rede californiana de hamburguerias ambientadas na década de 50. Já em 2020, aos 55 anos, fundou a holding Antaris Foods Brands Franchising, para unir suas outras marcas de gastronomia, como a Boulangerie Carioca, pâtisserie inspirada no estilo francês, e a Cuor di Crema, gelateria artesanal de método italiano. “Abrir minhas empresas foi só o primeiro passo. Importante é continuar estudando o mercado e se atualizando em estratégia, logística e tecnologia para entregar uma experiência ainda melhor ao público”.
Calma e resiliência

“A maturidade nos dá o benefício de toda a experiência de vida e por isso, as pessoas mais velhas trazem consigo uma riqueza de conhecimento e sabedoria que gera mais tranquilidade para alcançar os resultados”, afirma Sônia Ramos, 79 anos, fundadora da Casa de Bolos
Em 2009, depois de ver o filho caçula ser demitido, Sônia Ramos, carinhosamente conhecida como Vó Sônia, então com 64 anos, decidiu vender seus bolos caseiros para ajudar a complementar a renda familiar. “Foi uma ideia simples, mas de coração. Comecei com receitas de família, feitas com ingredientes de verdade e aquele gostinho de casa de vó”, relembra. Em 2010, apoiada pelos filhos, dona Sônia alugou um ponto comercial no centro de Ribeirão Preto e, de bolo em bolo, o negócio prosperou de modo que ao final do ano, a família tinha 5 lojas em operação, todas com a Vó Sônia cuidando pessoalmente da produção e do atendimento. “Foi tudo muito pé no chão, com muito trabalho e união da família. Em 2011, meus filhos decidiram fazer a expansão do negócio por meio do sistema de franquias e, a partir daí, a Casa de Bolos, maior rede de franquias de bolos do Brasil e pioneira no segmento, só cresceu”, conta. Hoje, com mais de 600 unidades pelo país e uma loja inaugurada na Europa, em Lisboa (PT), a rede prevê encerrar 2025 com um faturamento de R$ 650 milhões.