31% dos trabalhadores brasileiros não fazem nada para cuidar da saúde mental, aponta Vidalink
A segunda edição da pesquisa Check-up de Bem-Estar, desenvolvida pela Vidalink, aponta que 31% dos trabalhadores brasileiros não tomam nenhuma atitude para cuidar da saúde mental — um aumento em comparação ao ano passado, com índice de 29%. Esse levantamento, realizado no primeiro semestre de 2024, coletou dados de 10.300 colaboradores de 220 empresas, tornando-se o maior estudo sobre bem-estar corporativo do Brasil.
Luis González, CEO e cofundador da Vidalink, destaca que as empresas precisarão rever as abordagens de saúde mental: “Apesar do aumento da visibilidade sobre o tema, ele ainda não é tratado com a devida profundidade. As empresas precisam garantir que os colaboradores tenham acesso aos benefícios necessários e criar ambientes de trabalho onde se sintam seguros para discutir suas dificuldades”, afirma González.
De acordo com a psicóloga Gisele Caleffi, a ausência de cuidados com a saúde mental está ligada a fatores como a pressão no trabalho, agendas sobrecarregadas e recursos financeiros limitados. “A hiperprodutividade, falta de apoio e receios relacionados ao processo de autoconhecimento são desafios reais. ‘Não fazer nada’ pode ser um forte indicador de adoecimento futuro ou refletir um sofrimento já existente, que muitos ainda têm dificuldade em reconhecer”, explica.
As disparidades no pilar de saúde mental são maiores entre os grupos raciais, em que 36% dos pretos e pardos relatam essa falta de cuidado, seguidos por 26% dos brancos e 24% de outras etnias. “A saúde mental ganha ainda mais complexidade quando fazemos o recorte dos dados com pessoas pretas ou pardas, que precisam enfrentar uma pressão psicológica constante devido ao racismo estrutural, juntamente de desigualdades estruturais, sociais e econômicas que limitam o acesso a serviços de saúde e medicamentos. Para se ter uma ideia, nossa pesquisa mostra que apenas 9% dos respondentes pretos ou pardos têm gastos controlados e conseguem manter uma reserva, o que significa que um gasto a mais com um antidepressivo, por exemplo, fará grande diferença no orçamento do indivíduo”, exemplifica Luis González.
Além do aspecto financeiro, a segurança psicológica é um dos desafios dos RHs na hora de promover saúde mental para grupos socialmente minorizados. Levantamento da startup Lupa reforça esse cenário: 79% se sentiram desmotivados profissionalmente por não se sentirem pertencentes ao ambiente de trabalho e 80% relatam que já foram vítima ou presenciaram situações de discriminação, preconceito ou assédio, além de mais da metade (54%) apontarem algum nível de piora na saúde mental após começar a trabalhar em alguma empresa nessas condições.
De modo geral, Caleffi destaca cinco principais fatores que contribuem para o adoecimento emocional dos trabalhadores:
Hipervalorização da produtividade: A cultura do “cansaço” desencoraja o descanso e aumenta os casos de burnout;
Falta de segurança psicológica: A ausência de um ambiente seguro para discutir questões como sobrecarga de trabalho e preconceito agrava o adoecimento;
Estigma e preconceito: Mesmo com maior visibilidade, ainda há desinformação e preconceito sobre saúde mental, dificultando o acesso a apoio;
Liderança e relações tóxicas: Líderes negativos e relações abusivas afetam diretamente o bem-estar dos colaboradores no dia a dia de trabalho;
Dificuldade financeira: A dificuldade financeira ainda é o principal entrave para o bem-estar. Os gastos com medicamentos, por exemplo, representam em média cerca de 46% do total de despesas de saúde dos brasileiros, de acordo com estudo do Banco Mundial.
González reforça que os programas de saúde mental devem atender a todos os níveis hierárquicos. “É um erro comum associar o cuidado da saúde mental apenas aos executivos. Os trabalhadores da linha de frente também precisam de suporte, e isso exige políticas que garantam acessibilidade”, pontua o CEO. A psicóloga complementa: “Na base operacional, a saúde mental está muitas vezes ligada a preocupações como saúde financeira, segurança alimentar e consumo de álcool e tabaco, que afetam diretamente o bem-estar psicológico.”
A pesquisa também revela que 32% dos trabalhadores cuidam da saúde mental por meio de exercícios físicos, enquanto 15% recorrem a medicamentos, 13% fazem terapia e 9% optam por meditação ou atividades criativas.
Para González, o tratamento da saúde mental deve ser visto de forma holística. “A prática de atividades físicas é importante, mas precisa ser complementada por acompanhamento psicológico e, quando necessário, medicação. Pausas para atividades terapêuticas que aliviem a pressão cotidiana também são essenciais”, destaca.
Apoio das empresas na jornada de saúde mental
Com o lançamento da pesquisa, a Vidalink também está se movimentando no mercado de benefícios flexíveis para fornecer pontos de entrada em necessidades da empresa como na jornada de saúde mental.
“Criamos uma linha específica de produtos de bem-estar, o Vidalink+, que apoia o RH na implementação prática de cuidados com a saúde mental dos colaboradores, desde a prevenção até o tratamento. Os colaboradores têm acesso gratuito a medicamentos para saúde mental, facilitando o cuidado contínuo. É hora de usar esses dados para transformar o ambiente de trabalho e promover o acesso ao que realmente faz a diferença”, conclui González.
Mais informações em: vidalink.com.br