Em meio ao Janeiro Branco, mês dedicado à conscientização sobre a saúde mental, surge uma pergunta pertinente: “Estamos todos exaustos?”. A resposta, infelizmente, parece inclinar-se para o afirmativo, conforme revelam algumas pesquisas e estudos recentes.

Uma investigação profunda conduzida pelo Lab ThinkOlga, intitulada “Esgotadas”, revela um quadro alarmante sobre a saúde mental das mulheres no Brasil. Antes da pandemia, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo já viviam com algum transtorno mental ou causado pelo uso de substâncias, e mais da metade eram mulheres.

Depressivas e ansiosas

Um estudo publicado na revista científica Lancet mostrou que a prevalência global de transtornos de ansiedade e depressão aumentou significativamente já em 2020, primeiro ano da pandemia. De acordo com esses dados, 67% dos novos casos de transtornos depressivos e 68% dos novos casos de transtornos de ansiedade foram registrados em mulheres, com maior prevalência entre as faixa etária de 20 a 40 anos para depressão, e de 15 aos 40 anos para ansiedade.

Falta de dinheiro e sobrecarga de trabalho são as maiores questões que afetam hoje a saúde emocional das mulheres brasileiras.

A pesquisa da Ipsos, destacada pela CNN Brasil, afirma essa realidade, mostrando que mais da metade dos brasileiros considera a saúde mental como o principal problema do país em termos de bem-estar. Desde 2018, a preocupação com a saúde mental cresceu significativamente, saltando de 18% para 52% em 2023.

O Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas, representando 9,3% da população. Além disso, uma em cada quatro pessoas no país sofrerá com algum transtorno mental ao longo da vida, segundo o estudo.

Esses dados são reflexos de uma sociedade cada vez mais sobrecarregada e estressada. As mulheres, em particular, enfrentam desafios adicionais. A falta de dinheiro, a sobrecarga de trabalho e a insatisfação profissional são apontados como fatores cruciais que afetam sua saúde emocional. A situação é ainda mais grave entre as mulheres negras, que vivenciam maior sofrimento nessas condições.

Fernanda Karlla, autora do livro “Manual de sobrevivência mental séc. XXI: breves apontamentos psicanalíticos sobre questões atuais”, publicado pela Editora Dialética, comenta sobre esta realidade:

“A saúde mental é extremamente impactada pelo nosso grau de autoconhecimento e autocuidado, a vida não pode ser vivida em piloto automático, a psicanálise pode ajudar a compreender processos inconscientes que levam aos gatilhos emocionais e ao sofrimento psíquico. Faz com que entendamos o porquê de certos fatos, comentários ou eventos trazerem impactos diferentes para o analisando, investigando prováveis traumas originados não somente na infância, mas ao longo de toda a vida.”

A exaustão mental não é apenas um sintoma individual, mas um reflexo de uma sociedade que demanda constantemente mais de seus cidadãos, sem oferecer os recursos necessários para uma saúde mental equilibrada.

O cenário atual exige uma reflexão profunda e ações concretas. É essencial que políticas públicas sejam implementadas para melhorar o acesso à saúde mental, especialmente para grupos mais vulneráveis. Além disso, é crucial promover uma cultura de cuidado e apoio mútuo, onde a saúde mental seja vista como uma prioridade, não apenas individual, mas coletiva.

A campanha do Janeiro Branco é um lembrete oportuno de que a saúde mental deve ser uma preocupação constante, não apenas em momentos de crise. É um convite à sociedade para olhar com mais atenção e empatia para si mesma e para os outros, reconhecendo que, de fato, muitos de nós estamos exaustos e precisamos de apoio para encontrar caminhos de recuperação e bem-estar.

Além de promover a conscientização sobre a saúde mental, é essencial disponibilizar recursos que ajudem na compreensão e no manejo desses desafios. Neste sentido, a Editora Dialética se destaca ao apresentar três obras fundamentais:

https://loja.editoradialetica.com/ciencias-da-vida/saude-mental-na-atencao-basica-possibilidades-para-uma-pratica-educativa-fundamentada-em-terapias-grupais

https://loja.editoradialetica.com/humanidades/manual-de-sobrevivencia-mental-sec-xxi-breves-apontamentos-psicanaliticos-sobre-questoes-atuais

https://loja.editoradialetica.com/humanidades/acolhimento-na-deriva-da-rede-de-saude-mental-brasileira