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As habilidades socioemocionais, também conhecidas como soft skills, tornaram-se cada vez mais relevantes no mercado de trabalho atual. Em um cenário profissional que passa por rápidas transformações, devido ao avanço da tecnologia, globalização e mudanças nos modelos de negócios, as empresas têm buscado não só competências técnicas (hard skills), mas também habilidades interpessoais, que ajudam os profissionais a lidar com os desafios da nova economia.

De acordo com um relatório do Fórum Econômico Mundial, habilidades socioemocionais como inteligência emocional, comunicação eficaz, resolução de problemas e capacidade de trabalhar em equipe estão entre as mais procuradas pelas empresas. Em uma pesquisa realizada em 2020, o Fórum previu que, até 2025, as 10 principais competências necessárias incluirão muitas habilidades comportamentais, com destaque para resiliência, adaptabilidade e criatividade.

Segundo o administrador, contador e docente da Estácio, Rodrigo Winter Afonso, as soft skills mais valorizadas incluem: Inteligência Emocional (capacidade de reconhecer, entender e gerenciar as próprias emoções, bem como as emoções dos outros); Comunicação Eficaz (habilidade de expressar ideias claramente e ouvir ativamente); Adaptabilidade e Resiliência (capacidade de se ajustar a novas situações e lidar com desafios de forma positiva); Trabalho em Equipe e Colaboração (ser capaz de trabalhar bem com os outros, construir relacionamentos e resolver conflitos); Empatia (compreender e compartilhar os sentimentos dos outros, o que é crucial para a liderança e o trabalho em equipe); e Pensamento Crítico (analisar e avaliar informações para tomar decisões informadas).

“As habilidades socioemocionais têm um impacto significativo na produtividade e na colaboração porque reduzem conflitos. A comunicação eficaz e a empatia ajudam a evitar mal-entendidos e a resolver disputas de forma construtiva, além de promover um ambiente positivo. Trabalhadores emocionalmente inteligentes tendem a criar um ambiente de trabalho mais harmonioso, aumentando a motivação e o engajamento. Equipes que colaboram bem são mais propensas a compartilhar ideias e experimentar novas abordagens, o que pode levar a inovações e melhorias nos processos. O pensamento crítico e a capacidade de controlar emoções resultam em decisões mais racionais e eficazes”, explicou o especialista.

A inteligência emocional (IE) tem sido destacada como uma das habilidades socioemocionais mais essenciais no mercado de trabalho contemporâneo. Segundo um estudo da TalentSmart, 90% dos profissionais de alta performance possuem alta IE, e empresas que investem nessa habilidade veem uma melhora significativa na colaboração e no clima organizacional. Profissionais com alta IE são mais capazes de gerir o estresse, mediar conflitos e inspirar suas equipes, sendo peças-chave em ambientes corporativos dinâmicos.

Um estudo da McKinsey & Company destacou que habilidades interpessoais, como empatia e cooperação, podem melhorar significativamente o desempenho da equipe. Empresas que priorizam o desenvolvimento dessas competências tendem a ser mais produtivas e inovadoras. Além disso, a pandemia da COVID-19 intensificou a necessidade dessas habilidades, especialmente com o aumento do trabalho remoto. A comunicação eficaz e a gestão emocional tornaram-se cruciais para manter a equipe conectada e engajada, mesmo à distância.

“A pandemia e a digitalização acelerada aumentaram a importância das habilidades socioemocionais. A necessidade de comunicação clara e empatia cresceu à medida que as interações se tornaram mais virtuais. A capacidade de lidar com o estresse e a incerteza tornou-se essencial, especialmente em um ambiente de trabalho remoto. Manter a cultura organizacional e o sentimento de pertencimento em um ambiente digital depende muito da inteligência emocional e das habilidades de comunicação”, comentou Rodrigo.

Outro dado importante vem do LinkedIn Learning, que, em seu relatório anual de 2021, identificou as três principais soft skills procuradas pelas empresas:

1.Comunicação

2.Gestão do tempo

3.Resolução de problemas

Essas habilidades são particularmente valiosas em setores onde o contato com o cliente, a colaboração e a tomada de decisões rápidas são essenciais.

Como as empresas estão se adaptando

Empresas de todo o mundo têm adaptado seus processos de contratação e treinamento para incluir o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Organizações como Google e Microsoft, por exemplo, já priorizam essas competências em seus processos seletivos, buscando candidatos que demonstrem flexibilidade, trabalho em equipe e liderança.

Além disso, mais companhias estão oferecendo treinamentos focados em habilidades como empatia, gestão de conflitos e comunicação assertiva. O LinkedIn Learning reportou que, em 2020, houve um aumento de 1.000% na procura por cursos de soft skills na plataforma, evidenciando a crescente demanda por esse tipo de capacitação.

Os desafios para integrar habilidades socioemocionais nos processos de recrutamento e treinamento são diversos. “Medir habilidades socioemocionais é difícil, pois elas não são tão facilmente quantificáveis quanto as técnicas. Empresas com culturas mais tradicionais podem ter dificuldades em integrar o foco nessas habilidades. Funcionários e gestores acostumados a processos técnicos podem resistir à importância dada às soft skills. Além disso, desenvolver programas de treinamento que realmente aprimorem essas habilidades e se alinhem às necessidades específicas da empresa é desafiador”, explicou o especialista.

Rodrigo ainda pontuou que profissionais podem desenvolver e aprimorar essas habilidades através de:

Feedback constante: Buscar e estar aberto a feedbacks para melhorar continuamente.

Autoconhecimento: Participar de atividades que promovam a introspecção e a compreensão das próprias emoções.

Educação contínua: Fazer cursos e workshops focados em comunicação, liderança e inteligência emocional.

Prática intencional: Praticar habilidades como empatia e escuta ativa em interações diárias, tanto no trabalho quanto fora dele.

Mentoria e coaching: Trabalhar com mentores ou coaches para desenvolver habilidades específicas e superar desafios pessoais.