Bibliotecas sem muros: entenda o streaming de livros

Por Erik Adami
Por muito tempo, o imaginário coletivo associou bibliotecas a prateleiras lotadas, cheiro de papel e longos corredores de silêncio. E, de fato, essa imagem permanece viva e relevante. As bibliotecas físicas continuam sendo espaços de encontro, de construção de conhecimento coletivo e de preservação cultural. O que mudou, no entanto, é que hoje esses espaços se expandiram. As bibliotecas ultrapassaram seus próprios muros e passaram a habitar também o universo digital, tornando o acesso ao conhecimento mais amplo, inclusivo e adaptado às novas realidades.
Esse movimento não é fruto de uma ruptura, mas de uma evolução natural, tanto da educação quanto do mercado editorial. A crescente demanda por acesso rápido, remoto e flexível a conteúdos acadêmicos e técnicos acelerou a transformação. E aqui entra um ponto central: quando falamos em bibliotecas digitais, falamos de uma solução que não nasceu apenas da tecnologia, mas da inteligência coletiva do próprio setor editorial.
Um bom exemplo é a maneira como surgiu a plataforma de streaming de livros Minha Biblioteca. Diferente de outros modelos que migraram do físico para o online, ela nasceu digital. A plataforma é fruto da união de mais de 50 editoras brasileiras, que se uniram para enfrentar um desafio em comum: como viabilizar a transição para o ambiente digital de forma sustentável, acessível e eficiente. Afinal, desenvolver plataformas, hospedar grandes acervos, garantir segurança, usabilidade e atualização constante exige investimentos altos e competências tecnológicas específicas, algo muitas vezes inviável para um único negócio.
Essa colaboração estratégica possibilita que milhares de títulos, das mais diversas áreas do conhecimento, estejam disponíveis no ambiente digital. No entanto, mais do que disponibilizar obras online, as bibliotecas digitais proporcionam experiência de leitura que dialoga com as necessidades contemporâneas como acessibilidade, leitura offline, marcações, anotações na nuvem, trilhas de aprendizagem, integração com sistemas acadêmicos e recursos que facilitam o processo de estudo e desenvolvimento profissional.
Ao mesmo tempo, é importante destacar que essa expansão do acesso digital também está alinhada às diretrizes da própria legislação educacional brasileira, que reconhece o acervo digital como um recurso importante e essencial para a nova geração de estudantes. O que vemos, portanto, não é a substituição da biblioteca tradicional, mas sua ampliação. É a possibilidade de combinar a riqueza do espaço físico com a potência do ambiente digital, que rompe barreiras geográficas e temporais. Democratizar o acesso ao conhecimento, hoje, é garantir que qualquer pessoa, em qualquer lugar, tenha condições de acessar conteúdos de qualidade, seja dentro do campus, seja no transporte público, em casa ou no trabalho.
E essa transformação não se limita ao universo acadêmico. Cada vez mais empresas enxergam os streamings de livros como ferramentas estratégicas para desenvolvimento humano. Montam trilhas de conhecimento personalizadas, oferecem acesso a conteúdos específicos para capacitação de suas equipes e promovem o desenvolvimento contínuo dos colaboradores, de forma ágil, escalável e alinhada às demandas do mercado.
As bibliotecas digitais não são uma tendência passageira. São uma resposta concreta às necessidades de uma sociedade em transformação, onde aprender, ensinar e evoluir exige flexibilidade, acessibilidade e atualização constante. A tecnologia, quando aplicada com propósito, não compete com o livro físico, mas amplia seu alcance e seu impacto. E é justamente esse o papel dos streamings de livros: transformar o conhecimento em grandes oportunidades.
*Erik Adami é diretor comercial da Minha Biblioteca, plataforma de streaming de livros presente nas principais universidades públicas e privadas do país.