Como brincadeiras fortalecem o vínculo entre pais e filhos e são aliadas do desenvolvimento infantil

Em alguns dias, vamos celebrar o Dia das Crianças, data que reforça a importância de proteger a infância, mas também de estreitar vínculos e relações familiares. Quando uma criança, jovem ou adolescente confia em seus pais ou responsáveis, as chances de seu desenvolvimento ocorre de forma saudável e protegida. No Brasil, o ChildFund atua há quase 60 anos pela promoção e defesa dos direitos infantojuvenis. Uma das principais causas da organização é o reforço e incentivo à parentalidade lúdica.
Durante os primeiros anos de vida de uma criança, sua forma de expressar emoções e sentimentos é por meio de brincadeiras e atividades. Quando os pais ou responsáveis participam desses momentos, a confiança aumenta e abre espaço para uma relação sólida e saudável que pode perdurar a vida toda. Além disso, a linguagem do brincar atua no desenvolvimento cognitivo, emocional, social e motor. Por meio das brincadeiras e atividades, é possível identificar quando há algo errado acontecendo, seja em casa, escola ou outros locais de convívio.
“Ter a figura materna, paterna ou cuidadores de referência na hora das brincadeiras, seja participando da atividade ou apenas com um olhar e toque, já é o suficiente para que as crianças vejam no adulto, uma pessoa para quem pode contar as coisas. Na primeira infância, elas só têm a linguagem do brincar, então, reforçar isso é de extrema importância e faz com que as relações carinhosas, alegres e seguras se estendam até a fase da adolescência ou até mesmo quando adultos”, afirma Mauricio Cunha, presidente executivo do ChildFund.
Lei do Brincar institui a parentalidade lúdica
De acordo com o último Censo, divulgado em 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há cerca de 40 milhões de crianças com até 14 anos no Brasil. Uma faixa-etária que representa quase 20% da população, necessita ter uma atenção especial. Pensando nisso, o ChildFund sensibiliza a sociedade com campanhas educativas e mobiliza atores políticos, para aprimorar os mecanismos de proteção à infância. Uma das maiores conquistas é em relação à “Lei do Brincar” (Lei 14.826/2024), que institui a parentalidade positiva e o direito ao brincar como estratégias prioritárias para prevenção da violência contra crianças.
Fruto do trabalho de incidência política do ChildFund Brasil, essa legislação estabelece que as crianças possuem direito a uma educação pautada na construção de relacionamentos positivos e sem violência. “Há alguns anos, a área do advocacy tornou-se prioritária no ChildFund Brasil. Desde então, conseguimos atuar e estar presente na defesa e proteção de crianças e adolescentes de uma forma mais centralizada. Todas as crianças têm direito à vida, à liberdade, à educação, ao esporte, ao lazer e a uma série de outros direitos fundamentais, e o brincar é transversal a tudo isso”, ressalta Águeda Barreto, especialista sênior em advocacy do ChildFund.
Dicas de brincadeiras para reforçar os laços afetivos
Cada fase da infância traz necessidades e formas diferentes de aprendizado. Brincadeiras adequadas a cada idade ajudam a estimular aspectos cognitivos, motores, sociais e emocionais. Abaixo, confira sugestões de atividades pensadas para diferentes faixas etárias:
De 0 a 2 anos: brincadeiras de imitação e sons, como cantar músicas com gestos, fazer caretas e bater palminhas. Isso estimula a linguagem e fortalece a conexão emocional. Atividades sensoriais com objetos de diferentes texturas, sons e cores também favorecem a coordenação motora e o reconhecimento do ambiente.
De 3 a 5 anos: jogos de faz de conta, como montar uma cabana com lençóis ou brincar de casinha. Atividades simbólicas ajudam a criança a expressar sentimentos, estimulam a criatividade e ajudam a compreender o mundo.
De 6 a 8 anos: atividades manuais e criativas, como desenho coletivo, massinha ou inventar histórias juntos, ajudam a estimular a criatividade e a resolução de pequenos problemas. Nessa fase, a imaginação se desenvolve e o vínculo é reforçado pelo compartilhamento de ideias.
De 9 a 12 anos: jogos de tabuleiro, esportes ao ar livre ou desafios em equipe. Esse tipo de brincadeira estimula a cooperação, a paciência e o espírito de grupo.
Adolescentes: rodas de conversa lúdicas, como jogos de perguntas, karaokê ou cozinhar uma receita em família. Momentos assim criam um espaço de diálogo e confiança, importantes na fase de transição para a vida adulta.
É importante que pais, mães e cuidadores reservem tempo para construção dessas memórias. “O brincar não deve ser visto apenas como entretenimento, mas como parte fundamental da formação. Experiências lúdicas vividas na infância acompanham a criança na adolescência e também na vida adulta, impactando a forma de se relacionar, enfrentar desafios e tomar decisões. Quando famílias, responsáveis e instituições reconhecem esse direito, contribuem para uma sociedade mais acolhedora, saudável e segura”, conclui Mauricio.