A criatividade é a soft skill que vai diferenciar os profissionais do futuro

Por Marcos dos Santos
À medida que a automação e a inteligência artificial avançam, o mercado de trabalho se transforma em um ambiente onde habilidades técnicas, por si só, já não são mais suficientes para garantir destaque e crescimento profissional. Nesse cenário, a criatividade desponta como uma das competências mais valiosas para profissionais e empresas que desejam se manter relevantes.
De acordo com o Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025, do Fórum Econômico Mundial, habilidades humanas como criatividade, resiliência, flexibilidade e agilidade continuarão críticas no mercado de trabalho. O relatório destaca que, embora habilidades tecnológicas em IA, big data e segurança cibernética estejam em ascensão, as habilidades humanas serão essenciais para complementar essas tecnologias e enfrentar os desafios futuros. Isso significa que, mesmo com a automação assumindo tarefas operacionais e técnicas, profissionais que saibam conectar ideias, explorar novos caminhos e encontrar soluções inovadoras terão um diferencial competitivo cada vez mais evidente.
Uma pesquisa da McKinsey & Company, que revelou que negócios com maior diversidade étnica e cultural em suas equipes apresentam uma produtividade 35% superior. Essas estatísticas mostram que a integração cultural não é apenas um tema de justiça social, mas uma estratégia eficaz de negócios que pode levar as empresas a um desempenho superior. Isso acontece porque a diversidade amplia a variedade de perspectivas e ideias, criando um ambiente propício à inovação.
Exemplos mostram como essa abordagem funciona na prática. A empresa LEGO, por exemplo, enfrentou uma grave crise financeira nos anos 2000 e só conseguiu se reerguer após adotar uma cultura organizacional mais aberta à experimentação e ao pensamento criativo. Ao incentivar seus colaboradores a explorar novas ideias e se conectar com os próprios consumidores, a LEGO desenvolveu produtos inovadores que revitalizaram sua marca e conquistaram novos públicos. Outro exemplo vem do Google, que implementou a política do “20% do tempo”, permitindo que seus funcionários dediquem uma parte da jornada a projetos pessoais. Essa iniciativa foi responsável pela criação de produtos como o Gmail e o Google Maps, hoje amplamente utilizados em todo o mundo.
Para fomentar a criatividade no ambiente corporativo, no entanto, não basta adotar metodologias populares como design thinking ou dinâmicas de brainstorming. Embora essas ferramentas sejam importantes, é essencial ir além, investindo na construção de uma cultura organizacional que valorize a experimentação, a liberdade para questionar padrões e a diversidade de ideias. Ambientes que incentivam essas práticas ampliam as possibilidades de inovação e permitem que soluções mais eficazes e criativas emerjam naturalmente.
Outro ponto crucial é reconhecer que a criatividade não é uma habilidade inata restrita a artistas ou designers; ela pode e deve ser desenvolvida. Estimular o pensamento criativo pode envolver desde práticas simples, como reservar momentos para a troca de ideias entre equipes, até a implementação de atividades que desafiem os profissionais a resolver problemas fora de suas áreas habituais. Empresas como a Pixar, por exemplo, realizam sessões semanais onde equipes de diferentes áreas se reúnem para debater ideias e encontrar soluções conjuntas — prática que tem sido essencial para manter a empresa na liderança do mercado de animação.
No mundo corporativo de hoje, apostar apenas em eficiência operacional é arriscado. O verdadeiro diferencial competitivo está na capacidade humana de transformar desafios em oportunidades, e a criatividade é a chave para essa transformação. Em um mercado cada vez mais automatizado, serão os profissionais criativos que liderarão as mudanças e conduzirão suas empresas rumo à inovação e ao sucesso.
*Marcos dos Santos é CEO Vinho Tinta