As Olimpíadas e a Política Internacional
Por Fernanda Brandão
Na última sexta-feira, dia 26 de julho, tivemos a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris. Ao longo de sua história, os Jogos Olímpicos têm sido um marco na promoção do espírito de irmandade e solidariedade internacional. Apesar de os Jogos Olímpicos serem um evento em que se celebram a paz e a fraternidade entre os povos, este também é um evento que sofre os efeitos das questões da política internacional.
Nas Olimpíadas deste ano, por exemplo, atletas russos e bielorrussos não poderão competir sob a bandeira de seus países e competirão sob a bandeira olímpica. Ambos os países estão sob sanção do Comitê Olímpico Internacional por conta da invasão da Ucrânia desde 2022. A Rússia, que tem uma tradição histórica de ser uma potência do esporte e costuma estar entre os países com mais medalhas na competição, terá uma pequena delegação de apenas 15 atletas, dos 36 que foram convidados a participar pelo COI. Os demais atletas se recusaram a participar por não poderem competir sob a bandeira de seu país. Nas Olimpíadas de Tóquio em 2021, a delegação russa já pode competir sob sua bandeira nacional, mas o motivo da suspensão foi um esquema de doping envolvendo o aparato estatal russo, ainda assim a delegação russa com mais de 300 atletas levou para casa cerca de 70 medalhas olímpicas.
Uma outra forma em que os Jogos Olímpicos são afetados pela política internacional é se tornando palco de manifestação política. Por ser um evento que atrai atenção de todo o mundo, não é incomum acontecerem manifestações políticas durante o evento, podendo ser estas manifestações pacíficas ou violentas. Durante a cerimônia de abertura a ovação ou as vaias são comumente utilizados como manifestação de apoio ou repúdio a um país apesar dos atletas não poderem ser responsabilizados pela condução da política nacional e externa de seus países. Alguns atletas também se utilizam dos momentos no pódio ou de cumprimento de outros atletas para fazer alguma manifestação política apesar da proibição do COI.
Um dos episódios mais sangrentos das Olimpíadas foi o assassinato de atletas israelenses pelo grupo terrorista palestino Setembro Negro na edição de Munique em 1972. Neste ano, há grande temor de que atentados terroristas aconteçam durante os Jogos em Paris. Na manhã da última sexta-feira, dia 26, as linhas ferroviárias francesas sofreram diversas tentativas de sabotagem perturbando o funcionamento do serviço em todo o país. Até o momento, não há certeza sobre quem seriam os responsáveis por essa ação coordenada. Nesta semana, um suspeito que teria intenção de cometer atos violentos durante a cerimônia de abertura, segundo investigações da polícia francesa, foi preso. Há grande tensão e atenção por parte da força de segurança francesa em torno do evento. Os próximos dias de competição serão certamente paradoxalmente marcados pela preocupação e pela celebração do espírito Olímpico.
* Fernanda Brandão é coordenadora de Relações Internacionais da Faculdade Mackenzie Rio