Em 2023, o Brasil ganhou mais de 1.452 marcas de Cachaça, um crescimento de 16% em relação a 2022. No mesmo período, também foram computados 935 novos registros de produtos (crescimento de 18,5%), além de 88 novas cachaçarias (crescimento de 7,8%), em relação ao último levantamento. Com isso, o país passa a ter 10.526 marcas de Cachaça, 5.998 produtos e 1.217 cachaçarias, todos devidamente registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Os dados são do Anuário da Cachaça 2024 (referência ano 2023), anunciado nesta quarta-feira (26) pelo MAPA, em parceria com o Instituto Brasileiro da Cachaça – IBRAC, entidade representativa do setor, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, a ANPAQ e GS1 Brasil.

Um dado importante e que não fazia parte das edições anteriores do levantamento é o volume de produção anual de Cachaça, a partir da declaração de produção e estoque dos estabelecimentos registrados: em 2023, foram produzidos cerca de 226 milhões de litros (225.693.404,10 litros), com a região Sudeste detendo o maior volume (177.543.558,94 litros). O levantamento também traz dados de exportação da bebida brasileira, que superou 20 milhões de dólares (US$ 20.242.453), com um aumento de 0,7% no valor total das exportações, o maior montante da série histórica.

“A Cachaça é um produto genuinamente brasileiro. Trata-se da primeira indicação geográfica do Brasil, ligada a nossa cultura e história, No entanto, infelizmente, é um dos produtos mais tributados do país. Apesar do cenário extremamente desafiador que o setor tem enfrentado nos últimos anos, os dados do Anuário demonstram a resiliência da cadeia produtiva no enfrentamento dessas barreiras tributárias e, sobretudo, a relevância dos micro e pequenos produtores, destaca Carlos Lima, presidente do Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), que vem atuando na defesa de um ambiente isonômico de tributação com a correção das atuais assimetrias existentes no mercado de bebidas alcoólicas. “A Cachaça é extremamente tributada, enquanto algumas bebidas fermentadas são beneficiadas com a incidência de uma baixa tributação. Na contramão de que Álcool é Álcool.”, completa Lima.

Cachaçarias registradas

Dentre os estados brasileiros, Minas Gerais apresenta o maior número de estabelecimentos (504), o que equivale a 41,4% das cachaçarias (36 estabelecimentos a mais em relação a 2022). Destacam-se também os estados de São Paulo (11 cachaçarias a mais), e Paraná (10 cachaçarias a mais). Considerando o recorte por região, todas apresentaram aumento no número de cachaçarias. O Sudeste, com 819, possui o maior número de estabelecimentos registrados, concentrando 67,3% do total. Em relação aos municípios, em 722 deles há pelo menos uma cachaçaria. Salinas/MG é a cidade brasileira com maior número de estabelecimentos.

Registro de produtos

O acréscimo considerável em produtos registrados (18,5%) indica uma maior intensidade do crescimento do setor em 2023. Em 2022, esse índice havia sido de apenas 1,9%, o menor da série histórica. Minas Gerais figura como o estado com maior número de produtos registrados (2.144). Já Sergipe detém a média mais elevada, com 16 produtos por estabelecimento. O Sudeste lidera a concentração (63,8%). A média brasileira é de 4,9 produtos registrados por cachaçaria.

Em relação a marcas (10.526), é válido destacar que, um mesmo registro de Cachaça pode contemplar mais de uma marca comercial. Isso significa que, apesar de possuírem marcas diferentes, alguns produtos possuem a mesma composição e, consequentemente, a mesma denominação legal.

Exportação

Entre os 76 países de destino da bebida brasileira, o Paraguai se posicionou como o principal deles, seguido da Alemanha e dos Estados Unidos (em Volume). Esse último (Estados Unidos) mantém-se como o maior mercado de exportação para a Cachaça (em Valor), avaliado em US$ 4.653.002, o que representa quase 23% do mercado de exportação da bebida brasileira. Destaca-se também a Europa, com 7 países, responsável por um mercado de US$ 10.142.990, o que representa 50,1% do total de Cachaça exportada. A Cachaça é um produto típico brasileiro, por isso não há importação do produto.

Importante frisar que, com a expectativa da ratificação do acordo Mercosul e União Europeia, a Cachaça também deve ser protegida no bloco europeu. A bebida é produzida de Norte a Sul do país, majoritariamente por micro e pequenos produtores, e representa uma importante fonte de geração de emprego e renda.