Contratação de executivos em empresas familiares: qual a importância?
Por Ricardo Haag
Muito da prosperidade do mercado do nosso país se deve às empresas familiares. Afinal, além de representarem a maioria do contexto social brasileiro, a renda destes negócios traz um peso enorme para a economia nacional. Porém, para que este êxito seja atingido, muitos cuidados precisam ser tomados na administração destas companhias, o que pode ser imensamente favorecido através da contratação de um executivo qualificado que consiga dar continuidade ao trabalho de forma evoluída e segura.
Em dados divulgados pelo IBGE, hoje, cerca de 90% das empresas nacionais têm este perfil familiar. Juntas, são responsáveis por 65% do PIB e por 75% dos brasileiros empregados, em uma representatividade interessante decorrente, dentre tantos fatores, pela veia empreendedora de nossa população aliada a necessidade de sobrevivência. Ambas, características muito poderosas para a determinação de perseguirmos nossos sonhos de carreira.
Tamanho destaque destes negócios, contudo, é apenas um dos lados da moeda. Por mais que estas empresas somem uma grande parcela do nosso mercado, são poucas as que conseguem se perpetuar por longos anos com sucesso, como consequência da falta de preparo ou competência das próximas gerações familiares em conseguirem administrar os negócios com a mesma qualidade e determinação que seus fundadores.
O que vemos na prática, é uma quebra gradativa de qualificação daqueles que tendem a assumir a empresa ao longo dos anos. Afinal, enquanto os executivos que abrem as companhias costumam ter profundo entendimento do mercado de atuação e são os responsáveis pelo crescimento inicial do negócio, a segunda geração familiar não terá passado pelo mesmo caminho, com grandes chances de não terem a mesma competência de gestão e, dessa forma, maiores dificuldades de garantir perenidade ao negócio – especialmente, caso não se dediquem a conhecê-lo devidamente.
Caso a empresa sobreviva até a terceira geração, as dificuldades de mantê-la operando com prosperidade serão ainda maiores, considerando os mesmos empecilhos e desafios já enfrentados anteriormente. Como resultado disso, apenas 36% dessas empresas chegam à 2ª geração, piorando para 12% as que sobrevivem até a 3ª geração, segundo dados da PwC.
Estes desafios de gestão nas empresas familiares, infelizmente, são bastante comuns de serem percebidos no mercado global, o que vem evidenciando alternativas que possam auxiliá-las a terem alguém preparado e qualificado à frente do comando destes negócios, de forma que consigam conduzir suas operações com segurança, estratégia e planejamento – assim como vêm ocorrendo com a contratação de executivos para assumirem este posto.
O conhecimento destes profissionais adquirido ao longo de sua trajetória e suas vivências em empreendimentos variados são peças importantes para que consigam entender com maior facilidade a estrutura da empresa, suas características e objetivos para que, com isso, estruturem um plano de negócios aderente à sua realidade – além de gerenciarem, de perto, os processos que forem instaurados para garantir que não haja qualquer investimento de tempo e recursos que não gerem valor ao negócio.
Cada empresa familiar terá suas próprias demandas e necessidades para que prospere ao longo das gerações, e será dever deste executivo manter o que já está sendo executado corretamente, e evoluir o que for preciso conforme as melhores práticas do negócio – algo que, ao contrário do que muitos imaginam, não dependerá apenas de suas hard skills.
O sucesso desta contratação está diretamente ligado à construção de um relacionamento próximo entre este talento e os fundadores da empresa, de forma que ele compreenda os valores e missões daquele negócio e os mantenham alinhados nas ações que serão tomadas. Na prática, isso significa que o executivo precisa ter muito jogo de cintura, maturidade, respeito aos donos da empresa, sabedoria ao fazer o diagnóstico da companhia, paciência e, sobretudo, entender que mudanças não são feitas da noite para o dia.
Diferentemente do que é usualmente visto em grandes organizações, as empresas familiares costumam levar a vontade de seus donos como prioridade. Então, o executivo que ingressar este ambiente precisa ter a maior empatia possível à essas preferências, fortalecendo a confiança entre as partes, assumindo protagonismo e se esforçando para fazer o que é necessário para que a marca prospere. Quando combinados, esses fatores serão o que farão a diferença para que as empresas familiares sobrevivam e se destaquem por cada vez mais gerações.
*Ricardo Haag é sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.