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A prática do feedback é uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento das equipes e o alcance de resultados sustentáveis. Segundo Carla Martins, vice-presidente do SERAC, a adoção de uma cultura de feedback estruturada e frequente é fundamental para fortalecer o engajamento dos colaboradores e aprimorar a performance organizacional.

“O feedback contínuo permite ajustes rápidos, evita acúmulo de tensões e melhora o clima organizacional”, afirma Carla Martins. Ela destaca que empresas que adotam essa prática não apenas corrigem rotas com mais agilidade, mas também promovem um ambiente mais transparente, colaborativo e motivador.

Feedback pontual x cultura de feedback

A principal diferença, segundo Carla, está na intenção e na recorrência. O feedback pontual é geralmente reativo, muitas vezes impulsionado por uma falha ou um episódio isolado. Já a cultura de feedback é proativa, contínua e integrada à rotina da empresa.

“Uma organização com cultura de feedback estabelece momentos claros para essa troca, prepara líderes para ouvir, e não apenas corrigir, e cria segurança para que os colaboradores também tragam sugestões e pontos de melhoria”, explica a vice-presidente do SERAC.

Ela defende que, quando o feedback se torna parte da rotina e da estratégia, os profissionais deixam de encará-lo com resistência. “Ao naturalizar esse processo, eliminamos o medo do julgamento e colocamos o foco na construção conjunta de soluções.”

Como implementar rituais consistentes sem burocracia

A construção dessa cultura não precisa vir acompanhada de burocracias ou processos engessados. Carla Martins orienta que o primeiro passo é capacitar lideranças para conduzir conversas com empatia, objetividade e foco no desenvolvimento. “Formar líderes que saibam oferecer feedback estruturado, equilibrando escuta e orientação, é essencial. Ninguém cresce com opiniões vagas ou críticas destrutivas.”

Além disso, a especialista recomenda a criação de rituais simples, mas recorrentes, como reuniões quinzenais de alinhamento individual, espaços mensais para avaliação mútua entre pares ou check-ins rápidos entre líderes e liderados. “Mais importante do que a frequência exata é a constância e a qualidade dessas conversas. O feedback precisa ser útil, oportuno e voltado para o futuro.”

Ela reforça ainda que, para surtir efeito, o feedback deve ser acompanhado de ações concretas e acompanhamento. “Feedback que não gera mudança é só ruído. O colaborador precisa saber o que fazer com aquilo que foi dito.”

Engajamento, motivação e desenvolvimento como consequência

Estudos recentes da consultoria Gallup mostram que colaboradores que recebem feedback frequente e de qualidade são quase três vezes mais engajados que os demais. Outra pesquisa, da Harvard Business Review, indica que 72% dos profissionais consideram o bom feedback essencial para seu desempenho.

Para a executiva, esse impacto direto não é coincidência: é a prova de que as pessoas querem crescer,  desde que saibam como. “Quando o colaborador recebe orientações claras, percebe que está sendo visto, valorizado e apoiado. Isso aumenta o senso de pertencimento e a confiança na liderança.”

Ela acrescenta que o feedback contínuo permite ajustes rápidos, evita acúmulo de tensões e melhora o clima organizacional. “Empresas que adotam essa prática não apenas corrigem rotas com mais agilidade, mas também promovem um ambiente mais transparente, colaborativo e motivador.”

O papel estratégico do RH e da liderança

Segundo Carla, o sucesso da cultura de feedback depende da atuação conjunta entre RH e lideranças. “O RH precisa oferecer diretrizes, capacitar os gestores e acompanhar os resultados. Já os líderes precisam assumir o papel de facilitadores do desenvolvimento, tornando o feedback um hábito e não uma exceção.”

Para ela, a transformação cultural ocorre quando o feedback deixa de ser um evento e passa a ser uma linguagem comum entre as pessoas. “Empresas que constroem esse espaço contínuo de troca não apenas elevam sua performance, mas também formam times mais preparados, autônomos e resilientes.”