E se, de repente, você virasse um meme?

Por Juliana Albanez
No universo digital, onde a viralidade segue regras próprias, muitas vezes ilógicas, qualquer gesto, expressão ou momento banal pode se transformar em um meme. E o mais intrigante: quase sempre isso acontece sem aviso, sem contexto e, definitivamente, sem consentimento.
Pode ser um deslize engraçado, um instante de vulnerabilidade ou até um simples acaso. De uma hora para outra, a imagem de uma pessoa comum, ou de um executivo, político ou influenciador, é resumida a uma legenda irônica, replicada milhões de vezes.
Hoje, a grande pergunta não é mais “como evitar?”, mas sim: “como reagir?”
Em 2017, o mundo corporativo viveu um caso curioso. Reed Hastings, CEO da Netflix, virou meme após publicar por engano uma foto de seus pés descalços durante um voo, com a legenda “Netflix and chill?”. Em vez de apagar a imagem ou se justificar, ele escolheu rir de si mesmo, respondeu com bom humor e uma piada sobre “diversificação de conteúdo”. O resultado? Um engajamento positivo que reforçou sua imagem de líder acessível, sem perder credibilidade.
Mas… e quando a situação não é tão leve assim?
Como um médico diante de um paciente em crise, o primeiro passo é observar. Nem todo meme se transforma em crise. Alguns evaporam em poucas horas, mas outros, no entanto, podem impactar profundamente a reputação.
Antes de qualquer ação, vale refletir sobre três aspectos:
Velocidade: O meme está restrito a nichos ou dominando os trends? A viralização pode acontecer em 4 horas e o estrago, em 24.
Tom: É um humor inofensivo ou carrega ironia, ofensa ou preconceito?
Risco reputacional: Está atacando sua competência profissional ou valores pessoais?
Com esse diagnóstico em mãos, é hora de escolher uma das três rotas estratégicas:
Correção Elegante
Quando o meme fere fatos ou atinge terceiros, o ideal é agir com rapidez, objetividade e sem dramatização. Em 2020, Whitney Wolfe Herd, CEO do app Bumble, foi associada erroneamente a um escândalo alheio por meio de um meme viral. Sua equipe respondeu com um comunicado simples, direto e eficaz, que explicou a verdade e reposicionou o foco em sua agenda de empoderamento feminino.
Surfe no Humor
Se o tom for leve e a imagem não for danosa, abraçar o meme pode render bons frutos. O ator Vincent Martella, conhecido por interpretar Greg na série Todo Mundo Odeia o Chris, viralizou ao brincar com o fato de ser famoso apenas no Brasil. Ele entrou na onda com bom humor, engajou o público e chegou a vir ao país para participar de eventos e programas de TV. O resultado foi sua imagem fortalecida e novos negócios.
Silêncio Calculado
Nem toda resposta precisa ser pública. Às vezes, o melhor é não responder.
Se o meme não for ofensivo ou prejudicial, o silêncio pode ser estratégico. A efemeridade é uma bênção no mundo digital e o meme de hoje será substituído amanhã. Mas atenção, essa decisão de se manter reticente exige trabalho nos bastidores. Monitoramento constante e planejamento para saber quando e como voltar a se posicionar são essenciais.
Um estudo do MIT, realizado em 2023, revelou que 68% das pessoas ainda associam figuras públicas a memes anos depois, para o bem ou para o mal. A diferença? Está em quem soube transformar a exposição involuntária em um storytelling autêntico e intencional.
E você?
Se acordasse amanhã sendo o novo meme da internet, qual caminho escolheria: corrigir, surfar ou silenciar?
Sua resposta pode não só definir seu próximo passo, mas também o seu lugar na memória coletiva.
*Juliana Albanez é especialista em comunicação estratégica e jornada do cliente, Juliana é mentora na Realize Speakers e atua diretamente com profissionais que desejam transformar sua imagem, autoridade e mensagem em negócios de alto impacto no Brasil e no exterior.