Identidade Brasilis: conheça o legado da bailarina Mercedes Baptista
Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra do Theatro Municipal é homenageada
A bailarina Mercedes Baptista completaria 100 anos em 2021. Para celebrar as suas imensas contribuições para a cultura brasileira, o projeto Identidade Brasilis realiza, entre os dias 26 e 28 de outubro, uma série de encontros de profissionais da dança que propõe reflexões sobre o seu legado.
Em um percurso historiográfico, que aborda tanto as suas práticas de ensino e metodologias criadas pela bailarina, quanto a sua criação artística, chegamos até os dias de hoje pretendendo discutir sobre a dança afro e as relações com os palcos, as instituições, e os espaços formais e informais de ensino. Os palestrantes convidados do projeto são Paulo Melgaço, Charles Nelson, Ágatha Oliveira e Érika Villeroy da Costa, que terão como interlocutora a artista Carmen Luz.
Mercedes nasceu em 1921 em Campos dos Goytacazes (RJ) e veio ainda jovem com a mãe costureira morar na cidade do Rio de Janeiro. Trabalhava como bilheteira de cinema quando descobriu a arte da dança.
Em 1945 entrou para a Escola de Dança de Eros Volusia, e depois, em 1948, passou no concorrido concurso do Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, tornando-se a primeira bailarina negra a integrar o grupo. O diretor Yuco Lindberg a escalou como protagonista do bailado Dança de Yracema, com coreografia de Laura Figueiredo, talvez seu mais destacado trabalho no Municipal.
A bailarina militou pelo reconhecimento e integração de atores e dançarinos negros no teatro brasileiro com o “Teatro Experimental do Negro”, fundado por Abdias do Nascimento, ao lado de artistas como Ruth de Souza, Haroldo Costa e Santa Rosa.
Mercedes Baptista ganhou, de Katherine Dunham, antropóloga matriarca da dança negra norte-americana, uma bolsa para estudar em sua companhia nos Estados Unidos. Em 1953, quando voltou, Mercedes criou o próprio grupo em parceria com o pesquisador Edson Carneiro, o Ballet Folclórico Mercedes Batista, com proposta de dança ligada à cultura afro-brasileira. Com esse projeto, viajou o mundo todo.
A artista introduziu, ainda, sua dança nos desfiles de escola de samba. No Salgueiro, foi coreógrafa da Comissão de Frente, mudando a concepção dos desfiles, que passaram a adotar alas coreografadas.
A influência de Mercedes levou à criação da disciplina Dança Afro-Brasileira na Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Todas as mesas terão transmissão no canal do YouTube do Sesc RJ.
As mesas de debates deste ano integram a Ocupação Mercedes Baptista, que reabrirá a unidade Sesc Copacabana para o público com atividades presenciais. A partir do dia 5 de novembro, serão apresentando espetáculos, concertos musicais, exposição fotográfica, instalações e outras atividades, inteiramente dedicadas à artista.
26 de outubro | 17h
Mesa 1 | Identidade Brasilis | Mercedes Baptista – Genealogias e itinerários
Com Paulo Melgaço e a interlocução de Carmen Luz. O convidado irá traçar um percurso histórico da trajetória de Mercedes, os pontos chave de sua vida, abordando a genealogia de suas referências de formação, as influências de sua obra e produções realizadas.
27 de outubro | 17h
Mesa 2 | Identidade Brasilis | Mercedes Baptista – Legados e práticas
com Charles Nelson e a interlocução de Carmen Luz. O convidado fala da atuação em dança afro nos dias de hoje, as práticas e legados, sua manutenção e como sua metodologia se desenvolve na atualidade.
28 de outubro | 17h
Mesa 3 | Identidade Brasilis | Mercedes Baptista – Matrizes afro na atualidade
com Ágatha Oliveira e Érika Villeroy da Costa e a interlocução de Carmen Luz. As convidadas irão contextualizar o campo de formação criado pela bailarina, ampliando as discussões para o desenvolvimento de reflexões no campo acadêmico, os debates e pesquisas realizadas nas universidades e cursos de formação em dança.