Foto: TV Zoom

A Prefeitura de Nova Friburgo, por meio da Fundação Dom João VI, inaugurou no sábado, dia 2 de agosto, a sala “Luzes de África”, novo espaço permanente do Museu Nova Friburgo, dedicado à história e à cultura do povo negro na cidade. O espaço é dedicado à história e à cultura do povo negro é resultado de trabalho conjunto com coletivos negros do município. A ação inédita traz peças raras que exaltam a beleza da arte e da cultura africanas nunca antes vistas na região, substanciadas por amplo trabalho de pesquisa.

Desde o seu princípio, a história de Nova Friburgo tem sido escrita por mãos negras. Por muito tempo, no entanto, tentou-se esconder ou até mesmo apagar essa memória, enaltecendo apenas o papel dos imigrantes europeus, efeito do racismo estrutural e da vergonha do nosso passado escravocrata. De acordo com Ilma Santos, do Centro Cultural Ysun-Okê, a inauguração da sala “é a necessidade de Reconhecimento, é uma Reparação que já estava passando do tempo de acontecer, é o entendimento que a história de Nova Friburgo começa nesse ponto; a vinda do Povo Preto Escravizado é o início do Reescrever a História do Brasil e consequentemente de Nova Friburgo.”

A sala, portanto, assume um papel inédito e singular de valorização do protagonismo negro, sobretudo no contexto de uma Nova Friburgo tida como a “Suíça brasileira”. Segundo Paulo César Lourenço, do Coletivo Lélia Gonzalez, “na sala do museu você se vê. Vão passar por ali gerações e gerações e poder dizer: assim foi a história do nosso povo.”

Em busca de um trabalho democrático e representativo, a Fundação D. João VI desenvolveu o projeto com o apoio e a participação dos seguintes coletivos negros de Nova Friburgo: Centro Cultural Ysun-Okê, Lélia Gonzalez, Povos Formadores Pan-Africanos e Império das Negas.

Os primeiros contatos foram feitos ainda em fins de 2024 e as reuniões aconteceram ao longo do primeiro semestre de 2025. Para Michelly Felício, do Império das Negas, “reunir todos os coletivos negros de Nova Friburgo em um mesmo propósito, trabalhando em parceria com a Fundação Dom João VI, foi mais que um gesto simbólico — foi um marco histórico de resistência, memória e construção coletiva. (…) Foi emocionante testemunhar o diálogo, a troca e o compromisso de cada coletivo em fazer dessa aliança um espaço de transformação real.”

Para Ilma, a nova sala é um instrumento educacional que dá visibilidade a uma “história que tentaram apagar, mas que estaremos resgatando de forma uníssona, Coletivos Negros e Fundação D. João VI. Será mais um Espaço de discussão do Racismo Estrutural e Institucional a favor da Equidade.” Segundo Michelly, “o reconhecimento da nossa cultura dentro de uma instituição como a Fundação Dom João VI, é um avanço no diálogo por uma cidade mais justa, plural e antirracista.” Para Paulo Cesar “é um momento histórico fundamental para a construção de um espaço que eu espero que fique para sempre, que outras gerações possam acompanhar e vivenciar isso.”

Com esta inauguração, o Museu Nova Friburgo reafirma seu compromisso com a preservação e valorização da diversidade cultural que compõe a identidade friburguense.

O Museu Nova Friburgo fica no prédio da Fundação D. João VI, localizado na Praça Getúlio Vargas, 71 – Centro.