LUTANA-KOKAMA-Uma das primeiras cacicas

Depois de atrair quase 1 milhão de visitantes com a exposição “Dos Brasis – arte e pensamento negro” – considerada uma das maiores mostras dedicadas exclusivamente à produção negra nacional -, o Centro Cultural Sesc Quitandinha, em Petrópolis, abriu um novo projeto expositivo que promete grande repercussão. Trata-se de “Insurgências Indígenas: Arte, Memória e Resistência”, que reúne obras e performances de artistas indígenas aldeados de diferentes partes do país.

A mostra será aberta em etapas – ou em “fogueiras”, terminologia utilizada pela curadoria do projeto. Ela é assinada pela antropóloga e ativista indígena Sandra Benites e pelo curador-chefe do Museu de Arte do Rio (MAR), Marcelo Campos , com a assistência de Rodrigo Duarte , artista visual e ativista socioambiental. O termo fogueiras (TATA YPY, a origem do fogo, em guarani) faz referência às práticas culturais ancestrais de reunião ao redor do fogo. Para mostrar, a palavra se refere aos encontros e debates que abrem cada etapa da exposição.

“É nas fogueiras que há compartilhamento e diálogo caloroso pela força e afeto. É o lugar de encontro de uma comunidade, um lugar de debate, tomadas de decisões, recontar nossas histórias e acordar memórias”, explicam os curadores.

Andrey Guaianá e o debate com lideranças indígenas

A primeira fogueira, no sábado (24/5), foi marcada pela inauguração da obra comissionada de Andrey Guaianá Zignnatto, na Galeria Brasil, e por uma conversa entre público, artistas e lideranças indígenas no Salão das Convenções. Participaram Lutana Kokama, Vanda Witoto, Iracema Gãh Té Kaingang e Alice Kerexu Takua, além da curadora Sandra Benites.

Nascido em Jundiaí (SP), descendente dos povos Tupinaky’ia e Gûarini, Andrey é reconhecido por trabalhos que fazem referência ao universo do trabalho. Neto de Pedreiro, que foi ajudante quando criança, Andrey utiliza em suas obras materiais como sacos de cimento, tijolos, juntas de argamassa e fragmentos e sobras de intervenções urbanas. Sua intenção é provocar uma reflexão sobre a relação instável e dinâmica que o ser humano estabelece com o meio que o cerca.

Diversidade de povos

A fogueira seguinte será no dia 7 de junho , com o desenvolvimento das obras encomendadas, ou seja, realizadas exclusivamente para a exibição. O público poderá acompanhar o processo de criação dos trabalhos, que envolverá instalações, pinturas e desenhos. As peças serão criadas por artistas e coletivos do Amazonas, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, dos povos Desana, Baniwa, Anambé, Guarani Nhandeva, Xavante, Guarani, Mbya e Karapotó.

A composição do projeto prossegue no dia 10 de julho , coincidindo com o Festival Sesc de Inverno, quando serão apresentadas obras audiovisuais, incluindo mapeamento, e inaugurada a obra do artista Tamikuã Txihi no entorno do lago Quitandinha. Para o dia 9 de agosto está prevista a última fogueira, que completa a exposição, com obras que remetem à arte e à memória. A mostra se estenderá até fevereiro de 2026.

SERVIÇO

Exposição “Insurgências Indígenas: Arte, Memória e Resistência”

Centro Cultural Sesc Quitandinha

Av. Joaquim Rolla, 2 – Quitandinha – Petrópolis/RJ

Visitação: terça a domingo e feriados, das 10h às 16h30

Grátis

Livre

Mais informações: www.sescrio.org.br