Por Katia de Boer

A 22ª edição do HR First Class foi um marco importante para a reflexão sobre o papel do setor de Recursos Humanos na promoção de um impacto social verdadeiro nas empresas. O evento, que reuniu heads de RH das maiores empresas do Brasil, trouxe à tona uma discussão importante sobre os desafios e oportunidades no campo das iniciativas sociais corporativas.

A pesquisa realizada revelou um panorama claro e desafiador sobre o estado atual das iniciativas de impacto social nas empresas brasileiras. Um dado particularmente preocupante foi que 41,3% dos entrevistados acreditam que a principal barreira para a implementação de iniciativas de impacto social é a falta de recursos financeiros direcionados para essa finalidade. Este resultado nos força a refletir sobre o papel das empresas na construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e igualitária.

Embora a falta de recursos financeiros seja uma dificuldade evidente, outros obstáculos significativos também foram identificados. A falta de iniciativa da liderança foi apontada por 35,5% dos entrevistados, e a falta de capacitação foi identificada por 18,1% como desafios adicionais. Estes fatores destacam a necessidade urgente de uma abordagem mais estratégica e comprometida por parte das lideranças empresariais, bem como investimentos em capacitação e desenvolvimento de habilidades no setor de Recursos Humanos para promover um impacto social efetivo.

No entanto, há um dado alentador: 70,3% dos executivos e heads ouvidos consideram que o setor de Recursos Humanos desempenha um papel fundamental na implementação de iniciativas de impacto social. Esta visão reflete o potencial transformador do RH, não apenas como executor, mas como agente estratégico de mudança dentro das organizações. As empresas devem, portanto, investir mais em suas equipes de RH para maximizar esse potencial e assegurar que suas iniciativas sociais sejam não apenas bem-intencionadas, mas também eficazes.

A pesquisa também revelou que 64,5% dos participantes possuem programas de impacto social bem estruturados e eficazes, enquanto 32,6% ainda não têm programas voltados para inclusão e impacto social. Este equilíbrio entre avanço e estagnação destaca a necessidade de uma maior integração entre as estratégias de negócios e os objetivos de impacto social. A pesquisa identificou que 34,1% das iniciativas atuais focam em diversidade e inclusão, seguidas por 20,3% em sustentabilidade ambiental e 20,3% em saúde e bem-estar dos funcionários. Estes dados mostram que, embora as empresas estejam avançando em várias frentes, ainda há um vasto campo a ser explorado, especialmente na promoção de ações voltadas para a comunidade local e a capacitação de jovens.

Em termos de investimento futuro, a pesquisa indicou que as áreas prioritárias para os setores de Recursos Humanos são diversidade e inclusão (52,2%), seguida por educação e desenvolvimento profissional (16,7%), engajamento comunitário (14,5%), e bem-estar dos funcionários (12,3%). Esses dados são uma indicação clara de que, para alcançar um impacto social verdadeiro e sustentável, as empresas devem priorizar a construção de uma cultura corporativa inclusiva e o desenvolvimento contínuo de suas equipes.

Além disso, a pesquisa revelou que os principais benefícios percebidos pelas empresas ao implementar iniciativas de impacto social incluem atração e retenção de talentos (39,9%), melhora da reputação da companhia (28,3%), e valorização da empresa e ampliação de acesso a recursos financeiros (18,8%). Estes insights reforçam a ideia de que iniciativas de impacto social não são apenas uma responsabilidade ética, mas também uma estratégia inteligente para o crescimento e sucesso empresarial a longo prazo.

Vejo estas descobertas como um chamado à ação. Devemos enxergar o impacto social não apenas como uma obrigação, mas como uma oportunidade estratégica para transformar nossas empresas e, por extensão, a sociedade. O caminho à frente exige um compromisso renovado com a alocação de recursos, fortalecimento da liderança e capacitação contínua.

* Katia de Boer é CEO da Safe Care.