Por Tiago Favaro

Não é novidade que as estratégias ESG (Environmental, Social and Governance) estão transformando o marketing digital no setor de entretenimento e eventos. A pandemia de 2020 forçou uma rápida adaptação do setor, e a recuperação presencial trouxe um novo foco para estratégias digitais, sustentabilidade e responsabilidade social.

A integração do ESG no marketing digital não é apenas uma tendência, mas uma demanda crescente dos consumidores, principalmente o consumidor 5.0. A preocupação com questões ambientais e sociais evoluiu de uma simples entrega pontual para uma prioridade estratégica. É imprescindível que precisamos usar a força das marcas para fazer a diferença no público que consome. Além disso, é essencial levar essa conscientização entre os stakeholders e integrá-los ativamente.

Segundo o relatório da Ancham (Panorama ESG Brasil 2023), cerca de 82% dos executivos acreditam que os CEOs devem lidar ativamente com a agenda ESG e os principais impulsionadores dessa liderança incluem a melhora da reputação da marca. O que, naturalmente, inclui estratégias de branding. Felizmente, as grandes empresas já estão se adaptando ao novo cenário do marketing digital, aumentando seus investimentos em mídias sociais, usando dados e análises para entender melhor o comportamento do consumidor e automatizando processos de marketing.

Digo que a automação de marketing está transformando o setor de entretenimento, trazendo soluções inovadoras e melhorando a acessibilidade digital. Grandes festivais, como Rock In Rio, The Town e Lollapalooza dependem cada vez mais de estratégias tecnológicas para – por exemplo –  venda de ingressos, divulgação e implementação de práticas ESG.

Algumas práticas que estão obtendo muito destaque nos últimos meses são:

Tecnologias para redução de emissões:

Uso de aplicativos e plataformas digitais para substituir materiais impressos.

Implementação de estruturas energizadas por fontes renováveis, como solar e eólica, para reduzir as emissões de carbono.

Utilização de tecnologias de monitoramento para otimizar o consumo de energia durante os eventos.

Inclusão social e diversidade:

Promoção de eventos inclusivos e acessíveis para todas as pessoas, independentemente de suas habilidades físicas ou condições socioeconômicas.

Contratação de equipes diversificadas

Implementação de políticas e práticas que garantam a igualdade de oportunidades para todos os participantes e colaboradores do evento.

Sustentabilidade ambiental:

Redução do uso de plásticos descartáveis, incentivando o uso de materiais biodegradáveis e recicláveis.

Implementação de programas de reciclagem e coleta seletiva durante os eventos.

Minimização do desperdício de alimentos e promoção de práticas de alimentação sustentável, como o uso de ingredientes orgânicos e de origem local.

Compensação das emissões de carbono do evento por meio de projetos de reflorestamento ou investimentos em energias renováveis.

Gestão responsável de resíduos:

Implementação de estratégias para reduzir, reutilizar e reciclar resíduos gerados durante o evento.

Parcerias com empresas e organizações locais para garantir a destinação adequada de resíduos, evitando a poluição do meio ambiente.

Engajamento da comunidade e conscientização:

Realização de campanhas educativas e atividades de conscientização sobre questões ambientais e sociais.

Promoção de iniciativas de voluntariado que envolvam a comunidade local na organização e realização do evento.

Estímulo à participação ativa dos participantes e stakeholders do evento em ações de sustentabilidade e responsabilidade social.

Diferente de 10 a 15 anos atrás, quando o consumidor pagava apenas pelo produto, hoje a estratégia é oferecer uma experiência completa. A presença nas redes sociais e o engajamento com a marca são essenciais. Nesse quesito, o marketing de influência se mostra cada vez mais forte no mercado. Com o uso da tecnologia, produtores e organizadores de eventos agora podem oferecer experiências personalizadas e inclusivas a um público mais amplo e sair do seu nicho.

É notável que as marcas estão abandonando discursos vazios em favor de iniciativas mais concretas. Essa mudança, não é apenas uma adaptação às tendências – que são muitas -, mas uma resposta às necessidades de um público cada vez mais exigente, em busca de conexão e significado.

*Tiago Favaro é CEO da Feel Alive, um grupo composto por nove empresas que organizam shows, eventos universitários, festas corporativas e formaturas das principais instituições de ensino do país.