Projeto nacional cria mini livros digitais e atrai novos e jovens leitores
Como estimular a leitura entre os mais novos e pessoas que não possuem esse hábito? Um projeto nacional criado no ano passado parece ter encontrado uma boa resposta. Luiza Del Monaco, fundadora da Editora Pormenor, e Thereza Castro, coordenadora de conteúdo do app de livros digitais Skeelo, engajada na inovação para o setor, e especialista em direitos autorais, desenvolveram o primeiro projeto de mini livros digitais do Brasil. São várias obras originais em um formato de leitura diária de 15 minutos que se conectam entre si.
A criação do projeto é resultado das análises das duas especialistas que atuam no segmento há anos. A partir de uma avaliação no comportamento de consumo contemporâneo, Luiza criou a Pormenor, primeira editora focada em minibooks. Já Thereza, que tem acompanhado de perto o avanço da tecnologia no segmento, viu no smartphone a ferramenta ideal para atrair para a leitura uma população que já vive conectada. O encontro entre ambas gerou uma ideia original que vem se provando bem sucedida.
De acordo com elas, o projeto tem objetivos importantes, e os números já apontam para um negócio promissor. Segundo Luiza, a proposta do livro mais curto é atrair o leitor que quer ler e desenvolver o hábito de leitura, mas não possui muito tempo e, às vezes, nem paciência. Boa parte desse público é composta por jovens, que vivem conectados, com um celular nas mãos. “Seguimos a linha de raciocínio das redes. As pessoas querem saber, aprender e conhecer, mas tem dificuldade de dedicar períodos longos de tempo para uma mesma atividade. Nosso objetivo, com os livros curtos, objetivos e envolventes, é fazer com que a leitura se encaixe melhor na dinâmica da vida das pessoas, colaborando para que as metas de leitura sejam mais facilmente atingidas e haja menos frustração no processo”, explica ela.
Segundo os dados mais recentes de acessos às obras da editora, a taxa de leitura está acima de 60%. A editora possui mais de 700 títulos disponíveis e pretende trazer novas obras para o projeto de mini livros ao longo de 2024.
Thereza, de olho na inovação, explica que o mini livro é um formato novo que surge em tempos de mudanças no hábito de consumo da informação e do conhecimento. “Manter a consistência no hábito de leitura é extremamente importante para o desenvolvimento pessoal, amplitude de conhecimento e proteção cognitiva, o que se reforça especialmente para a nova geração que já nasceu aprendendo a consumir tudo a partir das telas dos celulares e onde encontram muitos outros atrativos. Os mini livros chegaram para agregar valor nesses espaços e para esse público também”.
Outro objetivo do projeto é promover a leitura em pequenas pausas ao longo do dia. “Como os livros seriados foram idealizados com objetivo de encaixar a leitura de volta na rotina das pessoas, adaptamos também os conteúdos para outras mídias e plataformas, trazendo mais possibilidades de acesso e versatilidade de consumo”, explica Luiza. Seja para ler a caminho de um compromisso, no transporte público ou no restaurante, os mini livros vêm separados em partes menores e mais “mastigadas” para leitura e contam sempre com opção de áudio, promovendo ainda mais acessibilidade aos conteúdos que podem ser consumidos a partir dos smartphones, versatilizando o formato de acordo com a realidade das pessoas.
O Brasil deve se tornar até 2026 o país que mais consome livros na América Latina. Essa previsão é do relatório produzido pela PwC Brasil que projetou um crescimento de 2,5% no cenário brasileiro até 2026. A receita total do setor editorial brasileiro em 2021, por exemplo, foi de US$ 454 milhões e pode chegar a US$ 513 milhões em 2026. E um dos projetos que pode ajudar nesse crescimento atraindo jovens e novos leitores é o dos mini livros digitais, visto que, pesquisa recente de hábito de consumo de livros no Brasil realizado pela Nielsen e CBL aponta que dos não compradores, a maioria reconhece a importancia da leitura, mas alega como um dos motivos para não consumo a falta de tempo.
Além disso, o projeto conta com temas sempre conectados com o que esta ocorrendo no momento, seja nas composições de ficção ou não ficção, trazendo grandes debates e autores super conectados, assim como seu público, para um formato palatável, um olhar que vem da análise de tendencias, especialidade de Luiza. .
Thereza finaliza avaliando as novas formas de se consumir um livro, incluindo o áudio. “Os resultados desse novo formato de consumo têm se mostrado bem positivos. As pessoas têm demonstrado um grande interesse na possibilidade de ouvir um livro. Seja para os leitores ou para os autores, essa transformação veio para ficar por se encaixar bem na vida das pessoas e nos seus micro momentos, uma vez que, em meio a uma rotina corrida, priorizamos o que queremos consumir nos pequenos intervalos livres entre os compromissos. De encontro a isso, os livros agora podem ser consumidos de várias maneiras, deixando para que o leitor escolha, segundo sua preferência e disponibilidade. Esse movimento deve impactar positivamente o mercado, como vemos nas projeções de algumas grandes entidades”.