“Quem Tem Medo de Olga del Volga?” estreia temporada no Turma OK, no Rio de Janeiro
Patrício Bisso, multiartista argentino que rompeu barreiras, enfrentou a censura e se consagrou nacionalmente com a personagem “Olga del Volga” na TV e no cinema, tem sua obra revisitada pelo ator Gustavo Klein na comédia “Quem Tem Medo de Olga del Volga?”. Com patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro, através do edital FOCA 2022, a peça estreia em curtíssima temporada no Turma Ok, na Lapa, com 8 apresentações nos dias 18, 19, 20, 25, 26 e 27 de janeiro e 02 e 03 de fevereiro, sempre às 20h.
Em 2019, o ator Gustavo Klein foi convidado para interpretar no cinema, no filme “Hebe – A Estrela do Brasil”, a personagem Olga del Volga, sexóloga e conselheira sentimental russa, ferina nos comentários, sempre presente no sofá da apresentadora Hebe Camargo a partir da década de 1980. A icônica figura foi criada por Patrício Bisso, ator, figurinista de teatro e cinema (“O Beijo da Mulher Aranha”), ilustrador e colunista da Folha de S. Paulo.
A dramaturgia entrelaça as jornadas de Patrício, Olga e Gustavo. Na peça, Gustavo recebe a ligação de um produtor de elenco, que o convida para representar Olga del Volga no filme sobre Hebe Camargo. Naquele momento, o ator sente o peso do papel que está chegando em suas mãos. Como num filme, Gustavo estuda a vida de Bisso para compor o papel: as personagens, performances, shows, entrevistas e canções. A preparação do ator para representar este grande personagem é retratada, mostrando as dúvidas, anseios, insegurança, medo, ansiedade e nervosismo.
Com humor ácido e números musicais, “Quem tem medo de Olga del Volga” mostra a riqueza do universo criativo LGBTQIAPN+, valorizando o artista performático Patrício Bisso, e discute a homofobia noticiada e aquela que é feita à boca miúda.
A peça tem roteiro escrito por Tony Goes, colega de Patrício na Folha de S. Paulo. A direção está nas mãos do premiado ator e diretor Gilberto Gawronski, que trabalhou como assistente de direção da montagem do musical Theatro Musical Brazileiro, onde Patrício Bisso era o figurinista. Com larga experiência em teatro, Gustavo Klein atuou nos musicais “Rapsódia, “Os Produtores”, “Avenida Q” e “A Gaiola das Loucas”. Na TV, fez o seriado “Pé na Cova” e a novela “Sangue bom”, ambos na Rede Globo, além do filme e do seriado “Hebe – A Estrela do Brasil”. Wladmir Pinheiro assina a direção musical e está em cena como ator e pianista, acompanhando os números musicais divertidos e cheios de duplo sentido, como “Meus Russos”, “Louca pelo Saxofone”, “Picasso”, “Pare, Repare, Espere, Desespere”.
Os figurinos cenográficos são a marca de Bisso. O palco e suas personagens inesquecíveis foram tema de suas performances nos palcos paulistas nos anos 80/90. Em “Louca pelo Saxofone”, mulheres surgiam encarnadas por ele em cena. O humor era um interessante contraponto com a seriedade para com seus figurinos, sempre elaborados nos mínimos detalhes. O seu forte era a reconstituição de peças inspiradas nos clássicos hollywoodianos. Para encarar o desafio desta homenagem, com figurino único e criativo, o também multiartista Cláudio Tovar foi convidado para estar à frente das roupas.
Rompeu barreiras em rede nacional
Nascido em Buenos Aires em janeiro de 1957, o argentino radicado no Brasil atuava simultaneamente em espetáculos underground e em veículos de comunicação de massa. No cinema, seu papel de maior destaque foi a “Juanita” do filme “Dias Melhores Virão”. Como Olga, integrou o prestigiado sofá da Dama da Televisão comunicando semanalmente à família brasileira. O sucesso foi tão grande que levou a personagem ao cinema e à teledramaturgia, fazendo a novela “Um Sonho a Mais” (1985), na TV Globo. Patrício lutou contra o preconceito, venceu em uma terra longe do seu país de origem, teve que enfrentar a homofobia no meio em que trabalhava. A sua prisão por um incidente em 1994 o tirou dos holofotes e o fez retornar à Argentina, para nunca mais voltar ao Brasil. Faleceu em 13 de outubro de 2019 vítima de um infarto fulminante.
– Patrício era muito mais do que Olga. Era um ilustrador de primeira linha, um figurinista que poderia ter feito carreira em Hollywood e uma personalidade única no palco. Apesar de sempre venenoso quando estava em cena, na vida real Patrício era tímido. Foi um desafio escrever meu primeiro texto para o teatro, e justamente um monólogo. Levei um ano para concluir o texto, conversando com Marcelo Aouila (diretor de produção da peça) e Gustavo, fazendo pesquisas na internet e conversando com quem conheceu Patrício Bisso melhor do que eu – conta Tony Goes.
Serviço:
Espetáculo: “Quem tem medo de Olga del Volga”
Datas: dias 18, 19, 20, 25, 26, 27 janeiro e 02 e 03 fevereiro de 2024
Horário: 20h
Local: Turma OK – Rua dos Inválidos, 39, Lapa, Centro, Rio de Janeiro – RJ
Ingressos: R$ 30, vendas no local e pelo site https://www.sympla.com.br/evento/quem-tem-medo-de-olga-del-volga/2299586
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Mais informações: (21) 3177-0181