O Brasil convive com um paradoxo. De um lado, possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, ancorada em hidrelétricas, biomassa e fontes renováveis. De outro, enfrenta gargalos estruturais que tornam inevitáveis novos episódios de escassez, apagões ou custos crescentes de produção. Para o setor empresarial, a questão deixou de ser “se” haverá falta de energia e passou a ser “quando” e quão preparado cada negócio estará para enfrentar esse cenário.

Levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostra que a demanda por eletricidade no Brasil deve crescer cerca de 3,4% ao ano até 2034, impulsionada pela digitalização da economia, expansão da mobilidade elétrica e crescimento da indústria. A oferta, no entanto, não acompanha o mesmo ritmo. Projetos de geração e transmissão sofrem atrasos, o licenciamento ambiental é demorado e a dependência do regime de chuvas segue como um risco estrutural. Em anos de estiagem, o país ainda recorre a termelétricas mais caras e poluentes, repassando a conta ao consumidor.

Essa pressão sobre a matriz energética já afeta decisões de investimento e competitividade. Para muitas empresas, lidar com a volatilidade de custos e a ameaça de interrupções significa rever estratégias de produção, logística e até de expansão. Nesse contexto, cresce a busca por soluções próprias, como microgeração solar e eficiência operacional para reduzir desperdícios.

Foi para analisar esses desafios e debater alternativas que o Mercado & Opinião realizará, no dia 29 de setembro, um jantar com empresários e especialistas em energia, infraestrutura e economia. O encontro reunirá lideranças de setores estratégicos para discutir o impacto da crise energética sobre o ambiente de negócios, os riscos associados à escassez e as oportunidades de inovação na transição para fontes mais sustentáveis.

Segundo Marcos Koenigkan, presidente do Mercado & Opinião, o tema não pode ser tratado como eventualidade. “A falta de energia não é hipótese, é certeza. O empresário que não se planejar estará vulnerável. É hora de olhar para dentro do negócio, entender o consumo, mapear riscos e investir em alternativas. A agenda energética é estratégica para a sobrevivência e para o crescimento sustentável das empresas”.

Paulo Motta, empresário e sócio de Koenigkan nos eventos em São Paulo, reforça que o momento exige estratégia. “Não adianta esperar a crise bater à porta. O empresário que entende o cenário global, acompanha dados de consumo e antecipa investimentos terá vantagem competitiva. Essa visão não é apenas defensiva, é também oportunidade de se reposicionar em um mercado que valoriza eficiência e responsabilidade ambiental”.

O jantar, marcado pelo tom analítico e pela troca de experiências, reforça a urgência do tema. “Para os líderes presentes, não se trata apenas de reagir a oscilações no fornecimento, mas de construir uma estratégia energética inteligente, capaz de sustentar a competitividade em um ambiente de negócios cada vez mais exigente”, conclui Koenigkan