O terapeuta Paulo Haridas. / Foto: Reprodução

Recentemente, uma pesquisa feita pela OMS aponta que 9,3% da população brasileira sofre de ansiedade, o maior índice do mundo; 5,8% sofrem de depressão, o maior índice da América Latina, o segundo maior das Américas, só perdendo para os Estados Unidos, 5,9%. Os dados podem ser oriundos da pandemia, mas sabemos que no Brasil também o cenário político, econômico e social de certa forma contribuem para este quadro. Há luz no fim do túnel?

Com certeza, no meu ponto de vista, há luz no fim do túnel. Achei muito interessante uma palestra do filósofo Mário Sérgio Cortella, e gostaria de partilhar alguns pontos, com o objetivo de oferecer ferramentas de apoio e incentivo na caminhada pós-pandemia. Esta luz citada na pergunta, já está presente, e o caminho que proponho, é de regá-la individual e coletivamente. O primeiro aspecto a ser abordado é com relação ao “arranjo” em que nos encontramos inseridos, onde temos a presença de um personagem de certa forma “invisível “: o vírus. Quando a humanidade passou por guerras, situações de bombas, existiu uma visibilidade, pois se tratava de inimigos humanos. A visão que temos do vírus é muito abstrata, e diante desta, a humanidade encontrou e encontra dificuldades quando o “invisível” salta à frente. O invisível assusta,  é aquele que não podendo ser enxergado, também não poderá ser enfrentado ou as dificuldades poderão ser classificadas como injustas. Por isso, a religião e a espiritualidade são neste processo pandêmico, um recurso forte no sentido de amparo, proteção para que daquilo que não pode ser enxergado, possa ser superado, anulado por “aquilo” que também não enxergamos: a crença no sobrenatural. Nestes tempos de grandes traumas, a religião e a espiritualidade podem ser um apoio, assim como a ciência, cada um a seu modo. Porém, o caminho equivocado é quando uma entra em conflito com a outra. Muitas ações podem ser praticadas, no sentido de colaborar no regar sementes benfazejas no período pós-pandemico, incluindo a luz da consciência. Uma dessas ações é a “esperança potente”, pois, eu e você podemos agir na busca de esforços na direção de interromper os danos e malefícios que o vírus causou e ainda causa em vários sentidos. Portanto, a “esperança potente ” deve ser partilhada, e não uma esperança somente de expectativa, esperando que a solução “caia do céu “. Ou seja, ações conjuntas em direção ao nosso próximo. Essas ações devem essencialmente conduzir: solidariedade, compaixão, dignidade, unidade na diversidade. Aquilo que entendemos como sagrado, que pode ser resumido na vida em sua excelência, e as pessoas que ajudam na proteção desta sacralidade, se manifestam muito mais nas ações solidárias, nas quais encontramos o significado concreto da noção de fraternidade, de sororidade. A ideia de que a outra pessoa, sendo humana, também é teu irmão e tua irmã, no sentido amplo, é o que precisa ser regado. O caminho é o cuidarmos uns dos outros e da natureza como uma grande família.

Paulo Haridas é Profissional de Educação Física, Massoterapeuta Oriental e Teólogo Contatos @pauloharidas pauloserafim@gmail.com  ou (22) 999432441