O preconceito está totalmente associado ao câncer de próstata e contribui para manter uma característica bastante negativa dos homens: a negligência com a saúde. O medo gira em torno da perda da função sexual e, consequentemente, da virilidade masculina. Por esta razão, os homens evitam falar sobre o tema e evitam mais ainda os exames de rotina, fundamentais para o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Neste contexto, quando a doença avança e o tratamento é inevitável, novas tecnologias, como a cirurgia robótica, se apresentam como aliadas dos homens nos pós-operatórios. Por ser menos invasiva e mais assertiva, tende a garantir uma recuperação mais rápida, evitando a incontinência urinária e a disfunção erétil.

A cirurgia robótica para a retirada do tumor na próstata ganhou destaque no início dos anos de 2020. Embora recente, vem se consagrando como uma ferramenta bastante eficiente no tratamento deste tipo de câncer, mas o alto custo impede que seja incorporada ao SUS. Para André Sasse, oncologista clínico e CEO do Grupo SOnHe, é fundamental que os pacientes tenham acesso a novas tecnologias, especialmente quando elas podem contribuir para a qualidade de vida do paciente após a cirurgia. “O preconceito cerca o câncer de próstata e quando temos a possibilidade de mostrar ao paciente que ele não vai perder as funções sexuais, conseguimos atrair esse público para os exames de rotina e o tratamento adequado”, alerta Sasse.

No Brasil, o câncer de próstata é o tumor mais frequente entre essa população, depois dos tumores de pele não melanoma. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimam o diagnóstico de 71.730 casos da doença por ano, entre 2023 e 2025, quando também devem ser registradas 15.841 mortes pela doença. Mais de 75% dos casos são diagnosticados após os 65 anos de idade. A idade avançada é um dos fatores de risco para o desenvolvimento de câncer e boa notícia é que 8 em cada 10 homens que desenvolvem a doença conseguem se curar. O câncer de próstata é 50% mais incidente em homens negros. O mês de novembro recebe a cor azul como forma de conscientizar a população masculina sobre a importância da rotina de exames, eliminando o preconceito em relação aos procedimentos necessários e de hábitos saudáveis de vida. “Exercício físico, alimentação saudável, sono de qualidade para o controle do estresse e rotina de exames. Tudo isso contribui para evitar o câncer”, alerta André Sasse.

Em estágio inicial, o tumor de próstata não apresenta sintomas, mas com a evolução da doença, o paciente pode apresentar vontade frequente de urinar, fluxo urinário fraco o interrompido, sangue na urina ou no sêmen, dores no quadril, nas costas, nas coxas e nos ombros. O tratamento do câncer de próstata é feito por meio de cirurgia, quimio ou radioterapia, terapia de supressão androgênica, além de novos agentes hormonais.

O câncer de próstata é diagnosticado por meio de biópsia, indicada quando há suspeita nos exames clínicos de rastreamento, como o toque retal, e pelo exame de PSA. Segundo André Sasse, é extremamente importante que o exame de toque seja realizado mesmo que o PSA apresente um resultado normal. “É importante reforçar que nem sempre o PSA identifica o tumor, daí a importância do exame clínico”, reforça Sasse.