Brasil das Marias: O machismo no cotidiano das mulheres
Maria Dolores, Maria Madalena, Maria do Socorro, Maria Aparecida, Maria das Graças, Maria Bonita, Maria Batista, Maria José, Maria do Carmo, Maria Edvirges, Maria Norma e Maria Flor. Mulheres com o nome mais comum do Brasil, de acordo com os 11,7 milhões de registros levantados pelo Censo de 2010 do IBGE, ganham voz no livro de contos Silêncio de Marias, de Núbia Pimentel.
As histórias narradas pela escritora podem ser familiares para os brasileiros. Muitos já conheceram, ou pelo menos leram em uma matéria de jornal, casos de mulheres que sofreram violência doméstica. Também devem ter visto meninas que, com a vontade de se aventurar por um universo de brincadeiras considerado masculino, tiveram suas criatividades reprimidas.
Nesta obra, o objetivo da autora é dar visibilidade àquelas situações que, de tão recorrentes, passam despercebidas por grande parte da sociedade. Uma das narradoras, por exemplo, relata a dura realidade de uma conhecida vizinha. No bairro, todos sabiam sobre o contexto violento em que a mulher estava inserida, mas ninguém fazia nada. O silêncio imperava.
Escritora negra, Núbia Pimentel não se restringe à estrutura patriarcal do Brasil, mas também demonstra os problemas do racismo em seus textos. Uma das personagens, ainda na juventude, descobre as diferenças nas relações entre pessoas pretas e brancas. São casos de vida como estes, com desfechos trágicos, outros felizes, alguns sem um ponto final, que são expostos em Silêncio de Marias.
Nascida em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, a autora, que atualmente vive em Salvador, na Bahia, é pós-graduada em literatura brasileira pela UFRJ e formada em arte dramática pela Escola Técnica de Teatro Martins Pena. Há 20 anos, trabalha como professora de português para estrangeiros, além de atuar como atriz no circuito alternativo de teatro.
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