À frente do Estúdio Elaya Design, Elias Lanzarini retira do mar a inspiração para o seu trabalho. Natural do Rio Grande do Sul, ele trocou a capital por Balneário Camboriú, SC. E foi na cidade que tudo começou. Em 2014, o designer passou a fabricar móveis com madeira de demolição de casas, após adquirir um conjunto de maquinário de um construtor de barcos da região que, supostamente, faria a reforma de uma canoa recém-adquirida.  O conserto não se concretizou, pois a embarcação encontrava-se bastante deteriorada. Mas deste contato surgiu uma oportunidade profissional.

A relação entre Elias e o oceano voltou a se fazer presente quando um outro barco foi levado pelas ondas até as redondezas de onde ele vive, na Praia do Estaleiro. Após dois dias encalhado no local, o proprietário o arrastou até a terra firme para retirar motor, tanque e outras partes de metal, deixando o restante da estrutura abandonada para descarte. Ao se deparar com a cena, o marceneiro indagou sobre a possibilidade de recolher as peças. “Desse naufrágio, nasceu o Elaya Design, quando vi aquelas cores, texturas, curvas e irregularidades que não existia nas madeiras comuns.” E foi neste momento que ele decidiu substituir a matéria-prima habitual para se dedicar ao resgate de partes de embarcações condenadas, transformando-as em objeto de valor único e repleto de história.

Formado em turismo, foi em 2015 que Elias Lanzarini sentiu a necessidade de se aperfeiçoar para entender profundamente o que o design era capaz de oferecer. Optou por aprimorar seu potencial construtivo por meio de cursos e trabalhando sem remuneração na marcenaria de um amigo, em Itajaí, SC.  Após atuar como ajudante local durante a Volvo Ocean Race – maior regata internacional de vela ao redor do mundo –conseguiu juntar recursos para uma imersão na Califórnia.

Ainda nos Estados Unidos, durante pesquisa sobre o upcycling, Elias foi um dos 20 selecionados para participar da exposição intitulada Scrap – Elevating the Art of Reuse (Elevando a Arte do Reaproveitamento, em tradução livre), em 2016, em que os itens apresentados deveriam ter 90% da composição formada por elementos de reuso. Quando voltou ao Brasil, o marceneiro mapeou nas margens do Rio Itajaí-Açu, que abriga o maior porto pesqueiro do país, estaleiros de reforma de embarcações, dos quais resgata peças que seriam destinadas à queima. Guiado pelo mesmo propósito do início da carreira, Lanzarini novamente passou a aproveitar partes de embarcações que poderiam ser ressignificadas e que são usadas até hoje em suas produções.

A matéria na íntegra pode ser conferida em Casa Vogue de novembro, já disponível nas bancas e em versão digital.