Foto: Carlos Mafort

Entre 1976 e 1978, eu fazia aulas de dança no Ballet Dalal Achcar, na Rua Oitis, 20, e, antes de retornar à Rodoviária rumo a Friburgo, era obrigatória a parada para o café na Padaria da Gávea. Por lá, Sr. Antônio, com olhos brilhantes e sotaque marcante, fazia as honras da casa, entre artistas, bailarinos, estudantes, e gente que adorava estar por lá.

Muito tempo depois reencontrei Sr. Antônio em Friburgo, e conheci sua filha Monique, amiga querida e ex- aluna.  Aqui montaria a Confeitaria Baião, ao lado de sua esposa, a doce dona Elza, também  portuguesa. A Baião, fundada em 11 de setembro de 1980, na Rua Monte Líbano, recebeu esse nome em homenagem à cidade natal de seu fundador, o Concelho de Baião (concelho com “C” mesmo, pois é assim que se escreve em Portugal), a 70 km do distrito do Porto.

Desde então, não há quem não conheça e não se apaixone por alguma delícia produzida pela casa. Do petit four de aliche e queijo à mais estruturada torta, dos salgados de massas levíssimas à pizza campeã de forno e de vendas, da torta de presunto e queijo, inimitável, aos doces ao estilo creme brulee, a Confeitaria Baião atravessou os anos com inventiva e doçura.

Da pequena loja ao novo espaço, conceitual, decorado, que abriga uma cafeteria, os produtos não perderam sua essência. Não há quem resista ao pão doce espiral recheado de passas e creme. Nem à trouxinha de camarão.    

Hoje, gerenciada pelos filhos Jacques e Monique, a Confeitaria Baião busca manter a qualidade, o atendimento, a limpeza e a excelência conquistada por seus fundadores. Preserva antigas receitas originárias de sua fundação como a Torta de Queijo e Presunto, a Bomba, o Suspiro, o Pão Doce e os Biscoitos Amanteigados e traz novas gostosuras como a Torta Crocante, o Bolo Indiano, o Rocambole de Damasco, a Coxinha Fit, os Salgados Integrais e a Torta Alemã para satisfazer a todos os gostos.

Neste Festival Quatro Estações, promovido pelo Pólo Gastronômico de Nova Friburgo, fui presenteado com uma Torta Cinnamon – uma massa de casquinha de nozes, recheada com chocolate meio amargo e chocolate ao leite, recoberta de canela em pó. Arrisco dizer que lembra um Alfajor, doce tradicional da Espanha e Argentina, e países ibero-americanos, e o nome vem do árabe al hasu e significa recheado.

A Torta Cinnamon pode ser aquecida e servida com sorvete, mas também pode ser apreciada com um café. É simplesmente sutil e marcante. Tênue na textura e inesquecível no sabor. Mais uma delícia para guardar no baú das lembranças, das boas memórias, como a voz doce da Dona Elza ao me receber. Como o sorriso marcante do Sr. Antônio, e o carinho e acolhimento que recebo até hoje de seus filhos, os queridos Jacques e Monique.   

Os leitores me perguntarão de onde saem tantas histórias? Do coração! E viva o Baião!