Tia Ciata./ Reprodução

Enquanto em todo o Brasil o nome de Tia Ciata é reverenciado, em Nova Friburgo, na região serrana do Rio, que se considera o segundo grande desfile de agremiações do estado, a tradição de homenagear o símbolo de resistência do carnaval carioca pode estar com os dias contados. Isso porque alguns dirigentes de agremiações e a Liga das Escolas de Samba do município querem acabar com a obrigatoriedade regulamentar ou reduzir ao máximo a Ala das Baianas, alegando dificuldades e entraves para conseguir interessadas. Pasmem!   

Matriarca fundadora do samba, a baiana Hilária Batista de Almeida, conhecida como Tia Ciata (1854-1924), tornou-se um símbolo da resistência negra no Brasil pós-abolição, inspirou as necessárias e tradicionais Alas das Baianas das agremiações carnavalescas e agora dá nome à estação do VLTCidade do Samba, na Gamboa, no Rio. O projeto de lei da vereadora Thais Ferreira (PSOL) que altera a denominação da parada foi promulgado nesta sexta-feira, 19, pelo presidente da Câmara dos Vereadores do Rio, Carlo Caiado.

Para quem não sabe, em sua casa, na Praça Onze, onde os sambistas se reuniam, foi feito o primeiro samba gravado em disco, “Pelo Telefone”, uma composição de Donga e Mauro de Almeida.

A estação Tia Ciata é o acesso mais próximo do VLT à Cidade do Samba, complexo que reúne os barracões das Escolas do Grupo Especial do Carnaval. A homenageada morreu aos 70 anos, em 1924, quatro anos antes da  fundação da primeira agremiação carnavalesca do Rio, a Deixa Falar, que posteriormente viria a se tornar a tradicional Estácio de Sá.

No contexto que resultou a fixação do samba no Rio de Janeiro nos últimos anos do século 19 e nos primeiros do século 20, a presença das chamadas “tias” baianas foi da maior importância, sob qualquer ângulo que se estude a questão.

Esperamos que a Liga das Escolas de Samba de Nova Friburgo não permita este ato insensato, por total desconhecimento da história do Carnaval. Quero crer que não cometerão este crime contra a cultura!