Foto: Oswaldo Enoc

Hoje, 14 de agosto, é dia de festa para Maria das Dores Pacheco, a Dorinha, essa mulher que é exemplo de partilha, do amar o próximo como a si mesmo, e tornou-se referência na luta por assistência às pessoas portadoras de deficiência intelectual e múltipla.

Há tempos guardo esta foto. Tentei postar certa vez, numa homenagem a todas as mães, num domingo de maio, mas fui privado pela insolente frieza de uma figura menor. Hoje me dou ao luxo de transformá-la num selo pela nossa amizade e admiração.

Dorinha, minha amiga querida de tantos anos, abraços, sorrisos e muitas lágrimas, celebra seus 80 anos de vida, relembro um pouco sua trajetória, sem nenhuma pretensão biográfica ( isso faremos em breve, não é Flávio?).

Nascida em Duas Barras, Maria das Dores veio para Nova Friburgo aos seis anos. Aqui cresceu e se casou com Silvio Pacheco, com quem teve quatro filhos: Walter, Flávio, Victor e Rafael, esse último, portador de microcefalia.

Após idas e vindas ao Rio de Janeiro, em busca de tratamento para o filho, em sua peregrinação pelas clínicas, acompanhou o martírio de outras mães, poucas com recursos financeiros e o mesmo apoio de uma família amorosa, como ela. O sofrimento alheio despertou-lhe, logo de início, o sentido da caridade e do respeito para com os necessitados. Decidiu criar então, em Nova Friburgo,  um grupo específico para crianças especiais. Surgiu assim a Apae, em 1979.

Em seguida, sua luta pela construção, manutenção e expansão da clínica e dos atendimentos  traduz sua resistência, pontuada por gestos fraternos a múltiplas necessidades. Dorinha nos ensina que o acolhimento a uma criança é também um abraço em toda a família. Não é uma relação protocolar simplesmente. É afeto. É amor!

Dorinha vive  na prática essa vocação do amor ao próximo, não se deixando fragilizar por tantos embates. Aos 80 anos, trabalha, incansavelmente, para manter a unidade da APAE funcionando, oferecendo atenção integral a cerca de 600 pessoas através de uma equipe multidisciplinar e renovando em todos nós a solidariedade. Ela nos move. Nos incita a praticar o bem. Nos provoca a sermos melhores. Cada um ao seu jeito. Mas todos juntos!

O mundo precisa de tantos milhares de “Dorinhas” e a única que conheço com essa força e determinação é a Maria das Dores Pacheco, amiga do abraço mais querido, do sorriso mais doce, que merece todos os dias a nossa homenagem. Parabéns, Dorinha!