Ler os Vivos: “O peso do pássaro morto”, de Aline Bei, por Déborah Simões
“O peso do pássaro morto” é um dos meus livros preferidos no mundo.
A leitura dele engasga muito, aperta tudo por dentro. E eu nunca sei muito bem o que fazer quando acabo sua leitura.
Um romance em versos! Isso. Um romance em versos, em pausas, em espaços em branco, em palavras interligadas pelo silêncio e pelas imagens da trajetória de uma mulher acumulada em memórias – dores responsáveis por quedas e ascensões.
“A cura não existe”, entende a menina – “o tempo sempre leva as nossas coisas preferidas no mundo e nos esquece aqui olhando pra vida sem elas.”.
A estrutura e a linguagem – que acompanham o amadurecimento da personagem – rompem os cenários habituais, as escritas já consagradas: Aline provoca os limites, respira o fulgor do qual andamos necessitados, nos faz humanos nessas páginas.
Aline rebrota a escrita, o romance e nossos olhos.
Esse livro é todinho remição.
O peso do pássaro morto
Aline Bei
Editora Nós
168 páginas