Taís Araújo e Alfred Enoch em “Medida Provisória” / Foto: Mariana Vianna

Em uma distopia que parece mais próxima do que nunca, Lázaro Ramos apresenta “Medida Provisória”, seu primeiro longa de ficção que estreou nos cinemas na quinta-feira, 14. No elenco estão: Taís Araújo, Alfred Enoch e Seu Jorge como protagonistas, e  conta com outros 77 atores, entre os quais estão Adriana Esteves, Renata Sorrah, Mariana Xavier, Emicida, Flávio Bauraqui e Paulo Chun.

Produzido como um alerta, “Medida Provisória” questiona o tempo todo a forma como a sociedade relativiza discursos agressivos e absurdos. Ao tratar certas falas como levianas, abre-se espaço para que elas ganhem mais força, ao invés de ceifá-las desde o início. “Como é que a gente riu disso? Como que deixamos chegar a esse ponto?”, diz o personagem de Seu Jorge em determinado momento do filme.

De acordo com o diretor, o longa tem algumas referências tiradas da realidade, mas ele é uma distopia assim como tantas outras obras do audiovisual, a exemplo de “The Handmaid’s Tale” e “Black Mirror”. “É um texto que veio do teatro, em 2011, pensando em um futuro impossível de acontecer. Infelizmente, de lá para cá muito se assemelha a pontos da história contemporânea, e aí a ficção, mais uma vez, se confunde com a realidade”, afirma Lázaro.

O roteiro foi feito a partir da peça “Namíbia, Não!”, escrita originalmente por Aldri Anunciação, que integra o elenco do filme, em 2011. Lázaro se apaixonou pelo texto e resolveu adaptá-lo para o cinema em 2015, iniciando as gravações em 2019. Porém, a produção que estava prevista para ser lançada no Brasil logo no ano seguinte, foi adiada por conta da pandemia e da falta de apoio da Ancine.

Fora do País, “Medida Provisória” fez sucesso em diversos festivais internacionais. Em 2020, o filme recebeu o troféu de melhor roteiro no Indie Memphis Film Festival, nos Estados Unidos. Já no ano passado, a produção ganhou melhor direção e melhor ator, com Alfred Enoch, tanto no Pan African Film quanto no Festival de Huelva. E no Festin Festival, de Lisboa, Lázaro ganhou o prêmio de melhor realizador.