Foto: IMELG, Amefricana Produções e Olhodedanph

No dia 8 de março de 2025, o mundo celebra o Dia Internacional da Mulher sob o tema estabelecido pela ONU: “Para TODAS as mulheres e meninas: Direitos. Igualdade. Empoderamento”. No Brasil, apesar dos desafios impostos pelo racismo e pelo machismo estrutural, as mulheres negras vêm ampliando sua participação na cultura, na política, na economia e nos movimentos sociais do país, rompendo estereótipos e reforçando seu protagonismo.

São elas, as mulheres negras, as principais agentes de transformação da sociedade na busca por um mundo mais justo. Elas estão na linha de frente da luta contra o racismo e o sexismo no Brasil, ressignificando suas identidades e ocupando espaços antes negados, promovendo autoestima e orgulho da cultura afro-brasileira. “A gente faz o que faz, porque a gente quer qualidade de vida, a gente quer o bem-viver para nós e para todos”, diz Ana Maria Siqueira, assessora da Fundação Banco do Brasil. 

De acordo com o estudo Esgotadas, quase metade (45%) das mulheres entrevistadas possuía, em 2023, um diagnóstico de ansiedade, depressão ou algum outro transtorno mental. E, assim como outras estatísticas e pesquisas já demonstraram historicamente, são as mulheres negras as que vivenciam maior sofrimento com essas condições. Ainda segundo o estudo da ONG Think Olga, esse adoecimento psíquico das mulheres não pode ser desvinculado do contexto social e cultural em que vivem. As estruturas de opressão como o machismo, o racismo e a exclusão econômica e social têm um papel crucial nessa matemática.

Embora ainda persistam desigualdades, o número de mulheres negras no ensino superior cresce a cada ano. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) revelam que, dos participantes do Enem 2024, as mulheres são maioria (60,59%), sendo que 55% das inscritas se consideram pardas ou pretas.

Da mesma forma, o empreendedorismo feminino negro ganha cada vez mais força e visibilidade. Segundo uma pesquisa da plataforma MaisMei, 53,9% das microempreendedoras se identificam como negras. A maioria tem uma base educacional considerada sólida – 37,6% com ensino médio e 20,9% com ensino superior — e prevalência na faixa etária dos 35 a 44 anos (31,7%). Há, ainda,  movimentos, como o afrofuturismo, que trazem novas perspectivas sobre a presença negra na tecnologia, na moda e no cinema.

Muitas destas conquistas são fruto da atuação de mulheres como Lélia Gonzalez, intelectual pioneira no feminismo negro no Brasil, Djamila Ribeiro, filósofa e escritora influente no debate público sobre racismo e feminismo, Conceição Evaristo, escritora premiada que é referência na literatura afro-brasileira, Benedita da Silva, primeira senadora negra. Essas mulheres, como muitas outras, abriram caminhos e influenciaram novas gerações, ampliando o debate sobre questões raciais e de gênero, dando visibilidade a pautas antes ignoradas.

A filósofa e doutora em Educação Sueli Carneiro ressalta a importância de compreender o impacto do racismo e do sexismo na vida das mulheres negras. “Para Lélia Gonzalez, o feminismo brasileiro padecia de um viés eurocentrista, que negligenciava a centralidade da raça nas desigualdades de gênero. Essa perspectiva permitiu que compreendêssemos a interseccionalidade como fator determinante nas dinâmicas de exclusão social”, afirma.

A ativista também destaca a relevância de políticas afirmativas para a inclusão dessas mulheres em espaços de decisão e mercado de trabalho, ressaltando que “o empoderamento vai além do discurso, exigindo ações estruturadas e investimentos em capacitação”.

Legado de Lélia Gonzalez é destaque em projeto apoiado pela Fundação BB

Vislumbrando a necessidade de ações concretas para promover a equidade de gênero e raça, destacando o papel fundamental de mulheres negras na construção de um futuro mais justo e igualitário, a Fundação Banco do Brasil reafirma seu compromisso com a valorização e fortalecimento das mulheres por meio de iniciativas que resgatam a história e promovem oportunidades reais de transformação social.

Entre os projetos apoiados pela Fundação BB, destaque para o Projeto Memória Lélia Gonzalez – Caminhos e Reflexões Antirracistas e Antissexistas que apresenta a trajetória da intelectual brasileira, articulando debates sobre feminismo negro e racismo estrutural no país.

O projeto já passou por cinco capitais desde 2024: Salvador, Belo Horizonte, São Luiz, Brasília e Rio de Janeiro. Produzido pela Associação Amigos do Cinema e da Cultura (AACIC), com o apoio da Fundação BB, o projeto engloba mostra cultural, kits expositivos, livro, audiolivro, site, vídeo institucional, documentário e seminários sobre o letramento racial e de gênero.

Fomento ao empoderamento socioeconômico de mulheres negras

Além do importante resgate histórico, que abre espaço para o debate e conscientização, a Fundação BB também atua no presente, investindo diretamente no fortalecimento de mulheres negras por meio do Edital Empoderamento Socioeconômico das Mulheres Negras. O objetivo é fortalecer redes de apoio e criar oportunidades para que mulheres negras possam alcançar independência e reconhecimento em suas áreas de atuação.

Essa iniciativa já selecionou 90 projetos de organizações sem fins lucrativos em todas as regiões do Brasil, com impacto direto para mais de 11 mil mulheres. Com um aporte de R$ 22 milhões, os projetos contemplados abrangem áreas como agricultura familiar, economia solidária e empreendedorismo, incentivando a autonomia financeira e a superação de desigualdades sociais.

“A construção do edital contou com a participação ativa de lideranças femininas do movimento negro e de organizações comunitárias, garantindo que as propostas atendam às demandas reais dessas mulheres”, ressalta Luciana Bagno, diretora da Fundação BB.

Compromisso institucional com a equidade de gênero e raça

Em 2025, a Fundação Banco do Brasil completa 40 anos de atuação e reafirma sua missão de promover impacto social positivo, ampliando suas iniciativas voltadas à equidade. Internamente, a instituição lançou um processo seletivo exclusivo para funcionárias do Banco do Brasil autodeclaradas pretas, pardas, indígenas e mulheres trans, com o objetivo de fortalecer a diversidade dentro da instituição.