“O Balcão”, de Jean Genet, encerra temporada neste fim de semana no Rio
“O Balcão”, uma das obras-primas do brilhante e controverso francês Jean Genet (1910-1986), encerra, neste fim de semana, a temporada no Teatro Arena do Sesc Copacabana. É a primeira encenação profissional no Rio de Janeiro após a emblemática produção de Ruth Escobar, dirigida por Victor García, em São Paulo. Com direção de Renato Carrera, a nova montagem instiga uma reflexão acerca da sociedade contemporânea, com foco nas questões de representação, aparência e imagem.
“O Balcão” se passa numa casa de prostituição onde os homens assumem suas fantasias a partir de estranhos e perversos jogos sexuais, encarnando as principais instituições de poder: a Igreja, a Justiça, a Força Militar e a Polícia. Enquanto isso, uma rebelião popular acontece nas ruas, ameaçando a estabilidade social. Escrita em 1956, a peça expõe, com implacável lucidez, a lógica perversa das instituições da sociedade burguesa.
“O Balcão tem um diálogo estreito com o nosso tempo. Somos monitorados por câmeras o tempo inteiro. Nossas vidas são reguladas pela imagem que postamos nas redes sociais. Quem somos? O que queremos ser? Propomos uma reflexão sobre nossa sociedade, construída a partir de imagens falsas, onde o indivíduo se mostra feliz e livre, apesar da dor e da pobreza existentes em um país extremamente desigual, onde não sabemos mais quem nos comanda e em quais instituições de poder podemos confiar. Genet nos desestrutura para podermos avançar e questionar o que já está estabelecido”, diz Renato Carrera, um dos responsáveis pela idealização da nova montagem, ao lado de Alexandre Barros e Carmen Frenzel.
Eles iniciaram as pesquisas de “O Balcão” em 2019. Em 2021, lançaram o espetáculo online “Por Detrás de O Balcão”, recentemente indicado ao Prêmio APTR de Ator Jovem Talento pelo trabalho do ator Yumo Apurinã. Agora seguem a parceria com a montagem presencial do espetáculo.
Em cena estão dez atores: Alexandre Barros, Andreza Bittencourt, Carmen Frenzel, Fernanda Sal, Ivson Rainero, Jean Marcel Gatti, José Karini, Lucas Oradovschi, Ricardo Lopes e Yumo Apurinã.