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A obesidade vai muito além da estética. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o excesso de gordura corporal está relacionado ao aumento do risco de pelo menos 13 tipos de câncer, entre eles os de mama, intestino, ovário, fígado e pâncreas.

A explicação está na inflamação crônica e nas alterações hormonais provocadas pela gordura em excesso. “A gordura visceral é pró-inflamatória e hormonalmente ativa. Quanto maior a quantidade, maior a conversão de estrogênio em estrona, um hormônio ligado ao crescimento celular descontrolado, especialmente nos cânceres hormônio-dependentes”, explica a médica clínica e nutróloga Fernanda Vasconcelos, do Instituto Qualitté.

Veja como a obesidade influencia o risco oncológico e o que pode ser feito para se proteger:

Quais tipos de câncer estão relacionados à obesidade?

De acordo com o INCA, o excesso de gordura corporal está associado a maior risco para:

Câncer de mama (principalmente em mulheres na pós-menopausa e homens também)

Câncer de intestino (cólon e reto)

Câncer de fígado

Câncer de endométrio (útero)

Câncer de ovário

Câncer de esôfago (adenocarcinoma)

Câncer de estômago (cárdia)

Câncer de pâncreas

Câncer de rins

Meningioma

Câncer de tireoide

Mieloma múltiplo

Câncer de próstata

O que acontece no corpo?

O tecido adiposo em excesso promove um ambiente inflamatório no organismo. Esse quadro altera a resposta imunológica e estimula a liberação de hormônios que favorecem a multiplicação desordenada de células, base do desenvolvimento do câncer.

“Além disso, quanto maior a gordura corporal, maior a resistência à insulina e o desequilíbrio hormonal (maior aromatização periferica), especialmente em mulheres. Esses fatores criam um terreno fértil para alterações celulares silenciosas (maior IL 6, TNF alfa), que inibem a autofagia (mais IGF1) que nos protege. Isso aumenta a incidência de câncer”, reforça a Dra. Fernanda.

Como reduzir o risco?

A prevenção passa, principalmente, por mudanças sustentáveis no estilo de vida:

Reduzir a gordura corporal de forma gradual e saudável

Evitar alimentos ultraprocessados e ricos em açúcar e gordura trans

Priorizar alimentos in natura e refeições balanceadas

Manter uma rotina regular de atividade física

Dormir bem e controlar o estresse crônico

“A base está no estilo de vida. Alimentação, sono, movimento, modulação intestinal e redução da inflamação. A prevenção do câncer começa muito antes do diagnóstico”, destaca a médica.

Existe alimentação preventiva?

Sim. Segundo a especialista, uma alimentação rica em vegetais coloridos, proteínas magras como os grãos e carne branca, fibras, antioxidantes e ômega-3 tem efeito protetor. Entre os alimentos que devem fazer parte da rotina estão:

Vegetais variados

Frutas vermelhas, cítricas e ricas em vitamina C

Sementes, azeite de oliva e oleaginosas

Peixes, lentilhas, grão de bico, ervilhas

Alimentos fermentados e integrais, para a saúde intestinal

“Recebo muitas pacientes que só procuram ajuda quando já há um diagnóstico. Mas é preciso reforçar que cuidar do peso é cuidar da sua prevenção. A nutrologia não trata só do corpo, trata da sua saúde a longo prazo”, conclui a especialista.