“Peeling” químico: uma prática que remonta ao Antigo Egito
Notícias recentes sobre procedimentos estéticos, envolvendo o chamado peeling químico, trouxeram à tona questionamentos sobre esse tipo de ação na pele. A técnica, que consiste na aplicação de ácidos, tem como objetivo extrair as células mortas e, com isso, permitir a regeneração da derme. Peeling – do verbo “to peel”, em inglês – pode ser traduzido para o português como “descamar ou remover pele”.
“Muitos consideram inovação um tratamento com história antiga e que, recentemente, foi ressuscitado como novidade. É claro que existem muitas variações e as mesmas até podem ser inovadoras, mas o princípio básico é o mesmo”, assegura a médica cirurgiã plástica Ana Carolina Chociai, responsável técnica da Clínica Chociai, em Curitiba.
Entusiasta no uso de laser e tecnologias em geral, a médica se dedica ao estudo e aprimoramento em cirurgias minimamente invasivas. Mestre em Cirurgia pela Universidade Federal do Paraná, com pós-graduações em renomadas instituições em Miami e Nova Iorque, a dra. Ana Carolina lembra que a história documentada do peeling data de 1550 a.C, mas apenas em 1882 os efeitos do fenol, ácido tricoloacético e ácido salicílico foram descritos em literatura médica.
“O peeling químico tem suas raízes em práticas ancestrais, que remontam ao Antigo Egito. Esses métodos eram rudimentares e não tão refinados quanto os procedimentos que conhecemos hoje”, explica a profissional. “Os egípcios eram conhecidos por sua dedicação aos cuidados com a pele e beleza; aplicavam misturas compostas por óleos minerais, sal e alabastro na pele, para promover o revejunescimento e melhoria na aparência. Só nos séculos 19 e 20 que os princípios científicos – por trás dos peelings – começaram a ser compreendidos”.
Ana Carolina comenta que há possibilidade também de se realizar peeling mecânico. “Nesse caso, por dermoabrasão (raspagem na pele por lixamento) ou à laser, que pode promover uma queimadura controlada na pele, semelhante ao peeling químico, porém muito mais segura devido ao controle de penetração durante a aplicação, que o médico tem ao programar o equipamento”.
No entanto, a Ciência sempre esteve presente desde os antigos. “Embora não descrevessem em detalhes os princípios científicos, os resultados eram visivelmente eficazes, o que contribuiu para a popularidade dessas práticas. Isso também marcou o início do peeling químico como um procedimento médico-estético, com o desenvolvimento de ácidos mais seguros e eficazes, como o glicólico e o salicílico, que permitiu um controle mais preciso dos resultados”, acrescenta a cirurgiã plástica.
Os antigos gregos e romanos também empregaram técnicas de esfoliação química. No século 20 – a partir dos anos 1960 o procedimento foi aperfeiçoado pelos médicos Thomas Baker e Howard Gordon, batizado de Baker-Gordon. Desde então, é motivo de constante aprimoramento e estudos em todo o mundo.