Por Cibele Siqueira

Os vinhos italianos desempenham um papel importante no cenário global, por possuírem grande diversidade de estilos, qualidade excepcional e longa tradição enológica. Com uma rica variedade de uvas nativas e  cultura profundamente enraizada na arte de produzir vinhos, a Itália sempre foi uma das principais referências para os apreciadores de vinhos. No Brasil, o consumo de rótulos italianos tem crescido significativamente nos últimos anos, na medida que os consumidores buscam novas experiências e descobrem a riqueza e complexidade dos exemplares com esta origem.

Além do sul ter uma forte influência italiana, os vinhos italianos são muitos conhecidos por serem gastronômicos, ou seja, sua acidez pede para acompanhar um prato. Dentre os mais consumidos e queridinhos, estão Chianti, Brunello di Montalcino, Barolo (“rei dos vinhos”) e o famoso Primitivo, que é um exemplar com maior teor de açúcar residual produzido no sul da Itália.

https://www.wine.com.br/vinhos/sardelli-d-o-c-g–chianti-2022/prod30186.html

https://www.wine.com.br/vinhos/lianto-i-g-t-salento-primitivo-2021/prod29484.html

Entre os dias 14 e 17 de abril, a cidade de Verona, na Itália, foi sede da Vinitaly, a maior feira de vinhos italianos do mundo. Com mais de cinco décadas de tradição, o evento é um marco no calendário para produtores, enólogos e amantes da cultura do vinho. Este ano, reuniu 97 mil participantes, num espaço de 100 mil metros quadrados de espaço de exposição, trazendo importantes tendências para o mercado vinícola.

Uma das tendências mais notáveis é a ascensão dos vinhos brancos. Em sintonia com as mudanças nos padrões de consumo, os produtores estão investindo mais na produção de vinhos brancos, enquanto tintos registram uma leve queda. Regiões emblemáticas como Piemonte, Vêneto e Toscana continuam a liderar o cenário, destacando-se por suas castas autóctones e tradições enraizadas.

O italiano dá muito valor às suas castas patrimoniais, suas uvas nativas e por isso, em regiões tradicionais, essas espécies ganham destaque. Pelo mesmo motivo, há um interesse crescente em explorar também as castas francesas famosas, como a Chardonnay para os brancos e a Merlot e a Cabernet Sauvignon para os tintos. Essa fusão de tradição e inovação tem acrescentado uma nova dimensão à diversidade do vinho italiano nos últimos anos.

Outra tendência forte é a integração da inteligência artificial (IA) na indústria vinícola. Desde sommeliers orientados por IA, capazes de determinar o momento ideal para desfrutar de um vinho com base em suas características e até fomentar a agricultura de precisão, para garantir colheitas de melhor qualidade e sustentabilidade. É uma tecnologia que está moldando o futuro do vinho e se encontra presente também nas adegas e na produção de rótulos, como um recursos  para aprimorar o marketing e storytelling de cada vinho.

Também chama a atenção um movimento que já é realidade nos EUA: os Ready To Drink (RTDs), as bebidas ou coquetéis prontos para beber tanto em latas como em mini garrafas. Por ser um drink já pronto, os RTDs oferecem uma praticidade que contribui para o processo de democratização dos vinhos nos mais diversos públicos, em especial, os mais jovens. Ou seja, faz com que beber um vinho seja algo tão simples quanto uma cerveja.

A preocupação com a sustentabilidade também permanece em alta, refletida não apenas nas práticas vitivinícolas, mas também no surgimento de vinhos sem álcool ou com baixo teor alcoólico. Enquanto essa tendência já é evidente em países como o Brasil, onde os consumidores buscam opções sem álcool, na Europa, principalmente entre a geração Z, há uma crescente demanda por bebidas com menor teor alcoólico.

Pessoalmente posso dizer que a Vinitaly é uma escola sobre o vinho italiano, a qual percorri cerca de 15 km por dia, fazendo dezenas de reuniões e muitas degustações. Foi bastante interessante ver a parte dos produtos naturais, como os azeites e cervejas artesanais, mostrando que o business de vinho rompe fronteiras entre diferentes setores de bebidas, alcançando um perfil de consumidores cada vez mais diverso. Isso reflete a natureza dinâmica e interconectada do setor de bebidas, que continua a atrair um público diversificado em busca de experiências autênticas e inovadoras.

Para quem quer experimentar vinhos italianos bem expressivos, a sugestão é o Tenuta Sant`Antonio Scaia I.G.T. Veneto Corvina 2019, um semi seco, produzido com a uva corvina, na região de Veneto. Do Norte da Itália, vale a pena conhecer o rótulo Conte Fosco I.G.T. Sangiovese Rubicone 2022, da vinícola Terre Cevico, que é perfeito para quem está iniciando no mundo dos vinhos ou em busca de algo fácil para beber no dia a dia. Já o Carpineto D.O.C. Rosso di Montepulciano 2019, elaborado na D.O.C. Rosso di Montepulciano, uma comuna italiana localizada na região da Toscana, é composto majoritariamente com a uva Sangiovese, casta emblemática na região.

https://www.wine.com.br/vinhos/conte-fosco-i-g-t–sangiovese-rubicone-2022/prod29000.html

https://www.wine.com.br/vinhos/carpineto-d-o-c-rosso-di-montepulciano-2019/prod28239.html

https://www.wine.com.br/vinhos/tenuta-sant-antonio-scaia-i-g-t–veneto-corvina-2019/prod28600.html

*Cibele Siqueira é coordenadora de seleção de produtos e sommelière da Wine, maior clube de assinatura de vinhos do mundo. Possui experiência no ramo de bebidas há 16 anos e é Sommelière formada pelo Senac e Fisar/ UCS. Certificada pelos FWS – French Wine Scholar, EVP e WSET 3. Formada em Direito pela Faculdade de Direito de Franca, possui MBA em Gestão Empresarial pela FGV, MBA em Liderança, Inovação e Gestão 3.0 pela PUC-RS, XBA Exponential Business Administration pela StartSe e Nova SBE Executive Education, EXP Entrepreneur’s Xponential Program pela Babson College, certificada em Digital Marketing: Customer Engagement, Social Media, Planning & Analytics pela Columbia Business School, Gestão de Marketing e Experiência Omnichannel pela Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Atualmente estudando para certificação do IWS – Italian Wine Scholar.