Imagens do arquivo da família Moreira

Fundado em 17 de janeiro de 1943, o mais tradicional bar de Nova Friburgo, na região serrana do Rio, o América, celebra seus 79 anos.

O bar mais democrático da cidade, desde sua fundação, sempre existiu no mesmo endereço, na Rua Monte Líbano, número 37, bem no coração da cidade. Da cidade e dos seus clientes.

A memória oral registra que durante o auge da tuberculose, que dizimou grandes poetas românticos como Castro Alves, Álvares de Azevedo, músicos como Noel Rosa e outros artistas no Brasil e que motivou a criação do Sanatório Naval na cidade, o Bar América oferecia louça branca, separada e higienizada para pacientes em recuperação. O surgimento das primeiras drogas, como a estreptomicina, nos anos 40 e 50, permitiu o controle da quantidade de gente infectada, mas o bar, que servia refeição, jamais permitiu o preconceito.

Nos anos de 1970, época de ouro da Escola de Samba Acadêmicos das Braunes, o italiano Zeppe Michetti , proprietário do Bar América, torcedor da verde e rosa, a afilhada da Estação Primeira de Mangueira, recebia, pelo menos uma vez ao ano, para uma feijoada, celebridades como Dona Zica, Cartola, Dona Neuma , Delegado, Mocinha, Tia Suluca, Leci Brandão entre outros, que vinham ajudar a escola de samba friburguense.    

Símbolo de resistência, diverso, plural e singular ao mesmo tempo, o Bar América recebeu títulos, comendas, moções, prêmios, indicações e tornou-se referência de empreendedorismo gastronômico e de relações humanas, porque bar é lugar de gente!

A proprietária amiga, Rivana Abud, faz questão absoluta de manter viva a história do bar. Por isso, não custa lembrar que essa resistência do Bar América, vem desde os tempos do Justino Coelho Babo que o inaugurou, vindo de Pena Fiel – Portugal, ainda moço. Depois trouxe o Antônio Moreira, seu cunhado, casado com sua irmã Margarida, por carta de chamada, para trabalhar como entregador.  Zé Babo, outro irmão de Justino, que morava no Rio, foi à Portugal e trouxe sua mãe dona Francisca e a esposa do Antônio, sua irmã Margarida.

Antonio se apaixonou por Nova Friburgo e comprou o Bar América de Justino. Zé Babo e Antônio Moreira foram sócios e, mais tarde, por volta de 1955, Moreira foi o único dono do já famoso bar. Em 1965 vendeu para outro cunhado, o Antônio Coelho Dias, pai da Augusta, que se casou com o italiano Zeppe Michetti, a quem coube os destinos do Bar América até os anos de 1990, tradição que se mantém na boa comida.

Hoje o Bar América é festa, festa diária de Rivana Abud que, com sua alegria, é divisora de águas. Digo sempre que há uma Nova Friburgo antes e outra depois do Bar América de Rivana. Essa guerreira que nos enche de orgulho sempre. E viva o bar América!

Hoje tem samba por lá! Com o Grupo Couro e Corda, a partir das 19h. Bora comemorar?