Benito Di Paula. / Reprodução

Uday nasceu num Brasil que vivia sob o poder do Estado Novo, governo totalitário imposto por Getúlio Vargas desde 1937, e o mundo chegava ao segundo ano da Segunda Guerra Mundial.

As dificuldades financeiras da família não o impediram de freqüentar as aulas de música na Campesina Friburguense, escola sede da banda musical fundada por um grupo de republicanos e abolicionistas liderados pelo Major Augusto Marques Braga, em 06 de janeiro de 1870 e que abrigava jovens talentos de todas as idades e, principalmente, das classes sociais menos abastadas.

Não tardou a dominar, por curiosidade e inquietação, seu primeiro instrumento: o violão. Acompanhava seu pai nas apresentações e já se destacava executando canções e os chorinhos.

Gostava de ouvir Tito Puente (reconhecido por sua enorme e significante contribuição à música latina como um líder de banda, compositor, arranjador, percussionista e mentor), e o Rei do Mambo, Pérez Prado (um grande pianista e compositor cubano, considerado o maior expoente do Mambo).

Dali seguiu por bares, rodas de amigos e chegou a frequentar o Grito da Mocidade, um clube,reduto de compositores, de músicos que se deixavam embalar pela sincopa entre bolerose sambas, bem distantes do rock and roll, do westernswing, do boogie woogie e dorhythm and blues que influenciavam a juventude dos anos 50.

Tocava em bailes nos clubes sociais da cidade que crescia e era conhecida por sua vocação turística. Circulava com desenvoltura entre os aristocratas, empresários e industriais e era admirado e aplaudido,e,  ao mesmo tempo, era querido em seu bairro operário, recebendo acenos por onde passava.

Certa vez, conta o empresário Sr. José Higino Pires de Moraes, o Chilo: “era aniversário do Nova Friburgo Country Clube e contratamos uma orquestra de Niterói. No dia da festa, à tarde, fomos comunicados de que eles não viriam por problemas internos entre os músicos. Foi o Uday/Benito quem nos salvou e com seu grupo musical embalou a noite, cantando todos os estilos e gêneros musicais. Sempre teremos essa gratidão! Benito merecia uma homenagem do clube!”